Dólar cai 11% em junho e BC decide intervir

Data: 01/07/2016
O ESTADO DE S. PAULO - SP

As seguidas quedas do dólar levaram o Banco Central a anunciar uma intervenção no mercado cambial. Ontem, o dólar recuou 0,83%, cotado a R$ 3,2105. Em junho, a moeda americana desvalorizou 11%. Com a nova queda, o BC anunciou, após o fechamento do mercado, que lançaria mão hoje de um instrumento usado para conter a variação do câmbio, chamado de swap cambial reverso.

Essas operações equivalem à compra de dólares no mercado futuro e são utilizadas para evitar uma queda ainda maior da moeda americana. Elas servem para desmontar o estoque de outras operações feitas anteriormente pela autoridade monetária, os swaps tradicionais, utilizados pelo BC quando o objetivo é o oposto - evitar uma alta ainda maior da moeda americana.

O BC tem um estoque de US$ 62,135 bilhões em contratos tradicionais de swap cambial. A oferta do BC de apenas US$ 500 milhões nos contratos de swaps cambiais reversos não deverá trazer grandes impactos na cotação do dólar, segundo analistas, mas servirá para indicar vigilância sobre o mercado cambial. O BC não oferta swap cambial reverso desde 18 de maio, um dia após o dólar ter fechado a R$ 3,4895 no mercado à vista. O mercado ainda tenta identificar qual é o piso da cotação do dólar na gestão do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Durante a presidência de Alexandre Tombini, o patamar de R$ 3,50 era visto como um "gatilho" para o anúncio de leilões de swap cambial reverso. Para o operador José Carlos Amado, na Spinelli Corretora, o volume do leilão de hoje é pequeno, em linha com a "parcimônia" já indicada por Goldfajn. "Não acho que o mercado vai sair tomando dólar só porque teve anúncio de swap cambial reverso. Pode ser que, por ter caí- do muito, tenha uma alta, mas nada com muita sustentação", afirmou.

Na avaliação dele, um dos termômetros da abertura será o exterior, uma vez que na próxima segunda-feira será feriado nos EUA, o que pode gerar alguma volatilidade hoje. Em Nova York, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Daniel Godinho, garantiu que o governo não tem recebido queixas sobre o atual patamar do dólar. Ele destacou que a taxa média deste ano é de R$ 3,71 até agora. Em 2015, ficou em R$ 3,34.

SILVANA ROCHA, LUCAS HIRATA E ALTAMIRO SILVA JUNIOR.

Apesar do Brexit, emergentes recebem US$ 16,7 bi em junho

Os países emergentes receberam US$ 16,7 bilhões de investidores internacionais em junho para investimentos em bolsa e renda fixa, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo. A saída do Reino Unido da União Europeia, chamada de Brexit, teve impacto limitado nos fluxos para os emergentes: a retirada, na sexta-feira passada, dia marcado por nervosismo no mercado financeiro mundial, foi de US$ 210 milhões. Desde então, os fluxos têm se recuperado.

O IIF destaca que o número é muito menor que em outros episódios de estresse no mercado mundial. Em agosto de 2015, quando a China desvalorizou sua moeda, as saídas dos emergentes somaram US$ 2,7 bilhões. Para o IIF, um dos fatores que vêm ajudando a estimular os fluxos para os emergentes é o aumento da percepção de que o Federal Reserve vai adiar a alta de juros nos EUA.

ALTAMIRO SILVA JUNIOR, EM NOVA YORK

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