Exportação de bens de capital tem forte demanda

Valor Econômico


Francisco Góes, do Rio
27/07/2009

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os agentes financeiros da instituição esperam forte demanda na linha de financiamento à exportação para bens de capital, com juros fixos em reais de 4,5% ano, disponível até o fim de 2009. O BNDES-Exim, braço de exportações do BNDES, prevê que todos os R$ 7,6 bilhões oferecidos pelo banco para apoiar a linha de pré-embarque, que financia a produção do bem a ser exportado, sejam contratados e desembolsados até dezembro de 2009.

Para atender ao maior número possível de empresas, foi definido valor máximo de financiamento de R$ 300 milhões por grupo econômico. Luiz Antonio Araujo Dantas, superintendente da área de exportações do BNDES, disse que os setores de caminhões, ônibus e máquinas operatrizes (para a indústria), além do segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias, devem puxar a demanda de crédito da linha de pré-embarque com juros reduzidos para os bens de capital. A participação do BNDES nesses financiamentos chega até 100% do valor FOB (produto no porto de embarque) e o prazo para pagamento é de 36 meses.

Caso a demanda dos exportadores projetada pelo BNDES e pelos agentes financeiros se confirme, o BNDES-Exim deverá reverter a situação registrada no primeiro semestre do ano, quando os desembolsos da linha de pré-embarque caíram 50%. De janeiro a junho, o BNDES desembolsou US$ 897,9 milhões no pré-embarque, metade do que havia feito no mesmo período de 2008 (US$ 1,8 bilhão). Dantas disse que a redução foi motivada pela situação do mercado, uma vez que os bancos repassadores se tornaram mais restritivos na concessão de crédito. Também pesou para a retração a volatilidade do câmbio, afirmou.

O BNDES-Exim prevê que no fechamento de 2009 os desembolsos do pré-embarque deverão totalizar US$ 5 bilhões, com alta de 2% sobre os US$ 4,9 bilhões de 2008. O maior crescimento deve ser na linha de pós-embarque, que financia a comercialização de bens e serviços no exterior. Nessa modalidade, o BNDES deve fechar o ano com desembolsos de US$ 2,4 bilhões, alta de 42% sobre 2008. No primeiro semestre, foram desembolsados na linha pós-embarque US$ 1,1 bilhão, com aumento de 66% sobre janeiro-junho de 2008. O resultado pós-embarque foi influenciado por operações estruturadas, contratadas em 2008 e cujos desembolsos começaram em 2009.

Francisco Crema, diretor de repasses do Itaú BBA, compartilha da expectativa do BNDES de que haverá demanda no pré-embarque para os R$ 7,6 bilhões disponibilizados com juros de 4,5% ao ano. "Temos muitas consultas de empresas (interessadas em tomar os empréstimos) e a disponibilidade de recursos nessas condições não deve chegar a dezembro", previu Crema. Segundo ele, que é coordenador da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as operações nas novas condições podem começar a ser protocoladas no BNDES-Exim a partir de 10 de agosto.

O prazo é necessário para adequar sistemas operacionais. A nova condição de custo para financiar a exportação de máquinas e equipamentos faz parte das medidas lançadas, no fim de junho, pelo BNDES, dentro do esforço do governo para estimular investimentos. O pacote também reduziu para os mesmos 4,5% o custo para compra e produção de bens de capital em outras linhas do banco, incluindo Finem, Finame, Finame Agrícola e BNDES Automático.

Este mês, depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter aprovado resoluções sobre a redução dos juros, o BNDES enviou cartas-circulares aos agentes financeiros detalhando as novas condições de financiamento. A exportação de bens de consumo, que inclui itens como alimentos, continuam a ser financiadas pelo banco com juros de 9,3% ao ano mais o spread do agente financeiro.


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