Setor farmacêutico aponta deficiências para exportar

Críticas relacionadas a questões burocráticas e de coordenação entre os órgãos governamentais, bem como deficiência na infraestrutura logística foram os principais problemas apontados na transcrição de entrevistas feitas com dez empresas do setor farmacêutico, todas filiais de empresas estrangeiras localizadas no País e que têm a exportação na sua rotina. O relatório foi divulgado recentemente e resultou de trabalho coordenado entre Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) e Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), com apoio da Apex-Brasil.

De acordo com o economista e consultor que prestou suporte para a realização das entrevistas e divulgação do relatório, Jacob Frenkel, as respostas apuradas mostraram que, na maioria dos casos, a exportação ocorre intrafirma (intracompany) e que os volumes exportados variam desde US$ 1 milhão até US$ 400 milhões anuais.

O relatório conclui que, embora o Brasil, pelo tamanho do seu mercado, continue como polo atrativo para sediar atividades produtivas e exportadoras para a América Latina, existem fatores que contribuem para diminuir essa atratividade natural. A maioria das críticas refere-se à oneração dos custos operacionais das empresas, sempre considerados na elaboração de uma plataforma de exportação para o setor.

Para algumas das empresas entrevistadas, a falta de alinhamento entre controles regulatórios e operacionalidade, pelos órgãos governamentais, acaba por afetar suas atividades. Foi relatado existir, em relação à Anvisa, situações e exigências contraditórias. Também foram feitas críticas à falta de visão funcional dos procedimentos pelo órgão. Segundo relatado por Frenkel, uma das citações mais enfáticas diz que “na maioria dos países o princípio aplicado nos controles das agências é que as empresas estão operando corretamente e o errado é uma exceção. No Brasil é o contrário. O governo parte do princípio que as empresas estão burlando as regras. As consequências são, para a Anvisa, aumento do controle burocrático, fiscalização processo a processo; para as empresas, intensificação de atividades de controle e aumento de custos operacionais e de estoques”.

O relatório também dá a dimensão dos problemas relacionados ao transporte das mercadorias. No caso do rodoviário, as empresas relataram que a má conservação das vias implica aumento do tempo para transportar, maiores riscos de acidentes e, consequentemente, custos elevados, sem falar nos gastos pela necessidade permanente de acompanhamento de escoltas armadas.

Quanto ao transporte aéreo, a ausência de câmaras frias nos aeroportos, a baixa frequência de voos e capacidade de carga, ou mesmo a ausência de voos dependendo da localidade estão entre as principais críticas das empresas.

Já no transporte marítimo, problemas com o armazenamento, que obriga a manter caminhões/containers refrigerados até o embarque, congestionamentos e atrasos de embarque, que levam a custos extras, estão entre as críticas das empresas.

Dados do setor

De acordo com dados da Abiquifi, as exportações da cadeia farmoquímica brasileira recuaram de US$ 1.982 milhão em 2014 para US$ 1.699 milhão em 2015, registrando queda de 14,27%.

Durante o workshop Brasil como Plataforma de Exportação da Indústria Farmacêutica, realizado pela Brazilian Pharma Solutions, o diretor de Acesso da Interfarma, Pedro Bernardo, apresentou uma análise da evolução do comércio mundial de produtos farmacêuticos no período 2005 a 2014. Em dez anos, as importações e exportações brasileiras de produtos farmacêuticos cresceram 240% e 226%, respectivamente. Globalmente, os crescimentos desses fluxos variaram perto de 100%.

Em 2014, as importações brasileiras, comparadas com 2013, avançaram 0,07%, enquanto no mundo o crescimento foi de 5,75%. Considerados os mesmos períodos, as exportações do Brasil cresceram 3,29% e, no mundo, 5,69%.

No ranking com os 30 principais países importadores de produtos farmacêuticos, de 2014, o Brasil ficou em décimo sexto lugar e foi o líder entre os países latino-americanos, responsável por 1,45% da participação. Na análise das exportações globais, o Brasil foi o vigésimo oitavo, com US$ 1,66 bilhão (0,30%) exportado. Entre os líderes mundiais no déficit comercial de produtos farmacêuticos em 2014, o Brasil ocupou o quarto lugar no ranking das contas negativas.

De modo geral, comparado com 2014, o comércio exterior de medicamentos encolheu em 2015.

Fonte: Informativo Sem Fronteiras

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