Mercados disputam influência do yuan

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 14/11/2013

Os tradicionais centros financeiros do Ocidente abriram uma nova disputa: qual será o centro do comércio do yuan, a moeda chinesa. Suíços e britânicos proliferam medidas para atrair não apenas bancos chineses para suas praças financeiras, mas já começam a tomar iniciativas para permitir que a moeda asiática possa | ser comercializada por bancos ocidentais. Enquanto os bancos suíços incentivam seus funcionários a tomar aulas de mandarim, os britânicos falam aberta-: mente que, no espaço de uma geração, o yuan será tão forte e presente como o dólar.

Todos admitem que, enquanto o governo chinês mantiver um controle sobre a moeda, dificilmente o yuan ganhará o status internacional semelhante ao do dólar. Mas, com a China já ocupando o posto de maior exportadora do mundo e segundo maior importadora, a tendência é de que sua moeda caminhe para uma internacionalização.

Na busca por se manter como um dos centros das finanças do mundo, os suíços já deram a largada para uma corrida que promete criar sérias tensões nos próximos anos. Segundo a Associação de Banqueiros Suíços, o Banco Central do país alpino está em negociações para abrir uma linha de crédito diretamente com a China e permitir que bancos chineses possam se instalar na Suíça.

"Queremos ser o centro para o yuan", disse Claude Alain Margelisch, presidente do Comitê Executivo da Associação de Banqueiros Suíços. A intenção dele é permitir que as empresas ocidentais possam fazer negócios na moeda chinesa, usando um centro financeiro Ocidental.

Segundo ele, não seria por acaso que os suíços foram um dos primeiros a fechar um acordo de livre comércio com a China. Mas o banqueiro admite que a Suíça não está sozinha na corrida. Londres, Frankfurt e Luxemburgo também estão querendo ocupar o posto de "hub" do yuan.

De fato, o governo britânico anunciou nesta semana medidas para permitir que empresas chinesas possam investir na China diretamente em yuan, com um total colocado à disposição pelo governo de 8o bilhões de yuan (US$ 13bilhões). O acordo é o primeiro em que empresas estrangeiras poderão comprar ações e instrumentos cambiais em yuan fora de Hong Kong.

Outra medida em negociação é a abertura do mercado britânico para permitir que bancos chineses possam abrir escritórios em Londres, e não apenas subsidiárias. Hoje, a cidade britânica controla 62% do mercado de câmbio do yuan no mundo. Mas sabe que a disputa nos próximos anos será intensa. Em troca, Londres permitirá que Pequim possa comercializar diretamente com a libra esterlina, sem passar pelo dólar e reduzindo os custos de transação.