Dólar cai para menor patamar em 16 meses

VALOR ECONÔMICO
Jamie Chisholm, Financial Times
26/11/2009

O dólar caiu ontem ao menor patamar em 16 meses, depois que operadores interpretaram comentários de uma série de bancos centrais como um sinal verde para eles continuarem se desfazendo da moeda e usá-la como um instrumento de financiamento na compra de outros ativos. Muitos participantes do mercado acreditam que essas operações, chamadas de "carry-trade", são o principal motivo da queda que a moeda americana vem registrando há vários meses.

Após ser negociado dentro de uma faixa apertada por quase três semanas, o dólar subitamente recuou, rompendo a base de 74,50 pence - a menos desde o começo de agosto de 2008 - e caindo para a marca de US$ 1,5050 por euro.

A moeda também caiu bastante contra o iene, chegando a certa altura ao menor patamar em dez meses, de 87,40 ienes, e quase chegando à paridade com o franco suíço. Os movimentos provavelmente foram exacerbados pelo fraco volume de negócios registrado ontem, pelo fato de ter sido véspera do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, que é comemorado hoje.

Analistas disseram que a venda de dólares foi desencadeada por um comunicado com as minutas da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), divulgado na noite de terça-feira, que descreveu a queda recente do dólar como "ordeira". Isso foi interpretado como um sinal de que o Fed não está exageradamente preocupado com a fraqueza recente da moeda.

Comentários feitos por funcionários do Bundesbank, o banco central da alemão, de que o nível do euro não é uma preocupação para a Alemanha, e do banco central russo, de que a instituição está se preparando para incluir o dólar canadense em suas reservas, também afetaram a moeda.

Mansoor Mohi-uddin, diretor-gerente de estratégia de câmbio do UBS, disse: "O consenso dos mercados continua sendo de queda do dólar. Portanto, notícias como essas estão mantendo a moeda americana sob pressão". Ele afirmou que a fraqueza do dólar está exagerada. "Os investidores sentem que os bancos centrais do G-10 não estão preparados para mudar as taxas de juros para que as operações de 'carry-trade' fiquem menos atraentes. Além disso, os investidores sentem que os bancos centrais dos mercados emergentes continuarão diversificando suas reservas internacionais. "Mas o mercado de câmbio está seguindo um único caminho e desse modo está vulnerável a uma grande mudança no sentimento, se essas suposições se mostrarem erradas."

David Bloom, diretor de estratégia de câmbio do HSBC, disse reconhecer o raciocínio que está por trás da onda contínua de venda de dólares e acredita que os detentores de grandes depósitos em dólares - especialmente os bancos centrais das economias que vêm crescendo em ritmo acelerado - precisam se diversificar para outros ativos. Ele admite que, se o Fed demonstrasse sinais de aperto súbito na política monetária, a estratégia não daria certo. "A alta dos juros pelos EUA seria um golpe na nuca das operações de carry-trade".

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