Mercosul terá agora de definir lista de produtos sensíveis

VALOR DE ECONÔMICO
De Genebra
26/11/2009

É como Mercosul que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai participam da negociação Sul-Sul ou Rodada São Paulo. Isso significa que a lista de concessões aos outros países terá de ser comum. A próxima fase será o bloco consultar o setor privado e definir os produtos que serão excluídos do corte tarifário de 20%.

Para certos negociadores, desta vez haverá menos dor de cabeça para um entendimento. É que o Mercosul já tem uma lista de base de produtos sensíveis envolvendo 15% do universo tarifário, que foi preparada para a Rodada Doha de flexibilização do comércio, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Agora, será mais fácil, porque a exceção chega ao dobro, a 30% do comércio.

"Não haverá necessariamente mais problemas, poderá ser mesmo mais fácil", disse um negociador. Tudo depende do perfil do comércio com os países que estão no acordo Sul-Sul. Como a Coreia do Sul participa, o setor automotivo certamente será excluído, diante do temor generalizado com a concorrência dos carros coreanos. O setor de têxteis e vestuário também pode entrar, porque muitos países participantes são especialmente competitivos nessa área.

A alíquota média aplicada no Mercosul, de 11,5% segundo a OMC, cairá para 9,5% para importações procedentes de participantes como Índia, Malásia e Coréia do Sul. Por outro lado, o comércio com os participantes varia de peso. Para o Brasil, representa cerca de um quarto tanto das exportações como importações totais, enquanto para Argentina, Paraguai e Uruguai representa de 40% a 60%.

Se tivesse negociado sozinho, o Brasil precisaria reduzir as alíquota de 7 mil produtos (70% de seu universo tarifário). Mas não está claro quanto será o tamanho no caso da Tarifa Externa Comum (TEC). Certo mesmo é que cada vez mais nas negociações o Brasil tem sido empurrado a assumir um peso maior nas concessões, abrindo mais seu mercado, por causa da resistência argentina.O Paraguai e o Uruguai negociam mais com o Brasil do que com os outros parceiros, porque por cada acordo veem corroídas as preferências que têm no país.

A lista de produtos que sair do acordo que foi definido ontem em Genebra poderá ajudar o Mercosul inclusive na negociação que fará mais tarde com a União Europeia ou afundá-lo um pouco mais. (AM)

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