Frete marítimo de contêineres sobe até 65,7%

Combustível e menor disponibilidade de navios impactam preços

Os exportadores brasileiros estão desembolsando de 20% a 65,7% a mais pelo transporte marítimo de carga conteinerizada neste final de primeiro semestre, em relação a janeiro deste ano, percentuais que variam de acordo com o destino e o perfil do produto. O aumento reflete a alta do combustível marítimo, a redução da oferta de navios em algumas rotas e o crescimento da demanda pelo serviço.

As rotas entre Brasil e Norte da Europa registraram as maiores altas no período, principalmente em carga frigorificada. Um contêiner de 40 pés de produtos congelados, entre os portos de Santos (SP) e de São Petersburgo (Rússia), chegou a custar US$ 5.800 em abril, frente a US$ 3.500 em janeiro, aumento de 65,7%. Com o embargo de carne de frigoríficos brasileiros pela Rússia, a tarifa apresentou ligeiro recuo em junho.


Nas rotas para a Costa Leste dos Estados Unidos, o preço do frete apresentou alta de 20% a 30%, recuperando parte da queda registrada no ano passado. A armadora Maersk teria retirado cerca de seis freqüências de navios da rota entre Brasil e EUA neste ano, reduzindo a oferta de transporte em 9 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o que provocou aumento de preços.

Segundo Davi Ferreira de Brito, do Departamento Comercial da agenciadora marítima Orion, a menor freqüência de navios para os Estados Unidos obrigou os exportadores brasileiros a aceitar o aumento do preço do frete: "O impacto não foi maior porque o frete é pago em dólar e a moeda americana registrou desvalorização de cerca de 10%, desde o início deste ano, o que amenizou o custo em reais."

ROTAS PARA A ÁSIA. As rotas para a Ásia também registraram aumento no período e tendem a crescer ainda mais a partir de de julho. De acordo com Brito, no período julho a dezembro, quando ocorre um pico de demanda pelo serviço tanto nas exportações quanto nas importações, os armadores cobram dos exportadores taxas adicionais de US$ 300 para contêineres de 20 pés e US$ 600 para contêineres de 40 pés.

"É uma taxa sazonal, que o embarcador é obrigado a pagar. Entre os portos de Taiwan (China) e Santos, o transporte marítimo de um contêiner de 20 pés custa, em média, US$ 1.800. O contêiner de 40 pés custa cerca de US$ 3.400. Sobre esses valores, os armadores cobram a taxa adicional", conta Brito, acrescentando que de janeiro a julho o frete subiu cerca de 20% entre a Ásia e a América do Sul.

RECUPERAÇÃO. O diretor da Hamburg Süd no Brasil, Julian Thomas, explica que os aumentos ainda não recuperaram, contudo, a queda acentuada nos preços do frete registrada no ano passado, quando houve excesso de oferta de navios. "Neste ano, os mercados estão crescendo em volume e houve redução na oferta de serviços, levando os fretes a uma tendência de aumento", diz.

Segundo ele, a rota para a Costa Leste dos EUA é mais preocupante. Houve uma forte queda de preço de tarifas no ano passado e o aumento neste ano ainda não recupera as perdas. Thomas explica que a demanda pelo serviço caiu 12% nos primeiro trimestre e só agora começa a dar sinais de reação. A queda dos embarques foi motivada pela desvalorização do dólar e a redução da construção civil nos Estados Unidos.

"A madeira é uma das grandes commodities exportadas para os EUA. Nos primeiros meses deste ano, houve forte queda na construção de casa no mercado americano, o que afetou o volume de exportação. Os embarques de outros produtos clássicos como têxteis, sapatos e móveis estão sendo afetados pelo real fortalecido, o que também reduz a demanda pelo serviço", diz o executivo.

TENDÊNCIA.Thomas diz acreditar, contudo, que o preço dos fretes tende a continuar em alta ao longo deste ano. Os navios que entraram em operação no ano passado foram absorvidos pelo crescimento do comércio mundial. Além disso, o preço do afretamento de navios permanece em alta, o que pressiona o preço do frete. "O preço do combustível também dobrou de um ano para cá, para US$ 350."

O diretor comercial da armadora CMA CGM, Luiz Guilherme, acredita, por outro lado, que os preços do frete estão próximos do equilíbrio, com exceção da rota para os Estados Unidos. "Houve enxugamento das rotas que apresentaram excesso de oferta no ano passado. A maioria das rotas tende ao equilíbrio, como as que ligam o Brasil à Ásia e ao Oriente Médio", afirma o diretor.

Ele acrescenta que o tempo necessário para remanejar os navios entre as rotas, de acordo com aumento ou redução da demanda de diferentes destinos, leva entre 45 e 60 dias, o que muitas vezes contribui para a oscilação de preços no curto prazo. "Estamos agora, por exemplo, acompanhando o efeito prático do câmbio para avaliar o que mudará nas exportações", acrescenta.

GRANÉIS. Além do mercado de contêineres, os exportadores de granéis também estão pagando mais caro pelo transporte marítimo. O custo do transporte de minério de ferro entre o porto de Tubarão (ES) e Beilun (China) era de US$ 48 por tonelada em abril de 2007, frente a US$ 23 por tonelada em igual mês do ano anterior, um aumento de aproximadamente 112%.

A alta do preço do transporte marítimo, neste caso, está associada ao aumento da demanda da China, que só no primeiro trimestre deste ano importou 100 milhões de toneladas de minério de ferro, dos quais 40 milhões de mineradoras brasileiras. A China deverá importar cerca de 400 milhões de toneladas de minério de ferro neste ano, o que estimulará ainda mais a alta do preço do frete.

Fonte: Jornal do Commercio/RJ

Via UPRJa

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