Desonerações e tarifas de importação devem ser reduzidas

Data: 05/05/2016
O GLOBO - RJ

Fontes afirmam que não haverá benefícios para setores específicos. Meirelles dará preferência a isenções que atinjam todos os segmentos

- BRASÍLIA - Escolhido pelo vice-presidente Michel Temer para assumir o Ministério da Fazenda se a presidente Dilma Rousseff for afastada, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles já estuda um conjunto de medidas de curto prazo para dar um choque psicológico no mercado. Entre as ações que poderão ser divulgadas, estão a redução - ou mesmo o fim - das desonerações tributárias, com exceção do benefício para bens de capital (máquinas e equipamentos); a redução das tarifas de importação de bens e insumos para baixar a inflação; e ajustes no BNDES para reanimar a indústria brasileira.

ANDRÉ COELHO/2-5-2016 Estatais na mira. Meirelles deve influenciar escolha dos presidentes da Petrobras, BB e Caixa A futura equipe econômica de um eventual governo Temer só vai admitir benefícios fiscais lineares, ou horizontais. Não deverá haver incentivos para segmentos específicos. A queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre máquinas e equipamentos contemplaria praticamente todo o setor produtivo.

Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, Meirelles deve repetir o que fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, em maio de 1993, lançou o Programa de Ação Imediata (PAI). A medida previa, entre outras coisas, a criação do Fundo Social de Emergência (que virou a Desvinculação das Receitas da União, que permite mexer livremente em 20% das receitas), ações de estabilização e negociação com os bancos estaduais, que passavam por forte crise financeira. ATÉ SEGUNDA, PLANO DEVE ESTAR PRONTO Na próxima segunda-feira, dois dias antes da votação da abertura do processo de impeachment pelo Senado, Meirelles deve costurar todo o plano com o futuro ministro do Planejamento, Romero Jucá. Ele recebeu carta branca do vice-presidente Michel Temer para fazer suas escolhas.

Todos conhecem o estilo Meirelles de comunicação: apenas ele pode falar sobre os rumos da economia. Quando passou pelo BC, Henrique Meirelles proibiu diretores de ter contato com a imprensa diretamente. A regra é a mesma para o momento atual: quem sair falando por aí, perde o posto antes mesmo de assumir.

Meirelles constrói sua equipe. Nos bastidores, nomes como o de Ilan Goldfajn (economista-chefe do Itaú), Mário Mesquita (ex-diretor do Banco Central) e Carlos Kawall (ex-secretário do Tesouro) são cotados para comandar o BC. Já ex-auxiliares como Carlos Hamilton (ex-diretor do BC) são ventilados para assumir uma das secretarias do Ministério da Fazenda. Outro nome cotado é do economista Mansueto Almeida, um dos responsáveis pelo programa econômico do então candidato à Presidência da República pelo PSDB em 2014, o senador Aécio Neves.

Ilan e Kawall são os preferidos do mercado financeiro para ficarem à frente do BC. Na autarquia, as apostas feitas nos bastidores são de que Ilan Goldfajn será o novo chefe. No entanto, figurões do mercado dizem que ele não abriria mão da posição no Itaú.

Há, ainda, quem aposte na volta de outro diretor da época de Meirelles, Afonso Bevilácqua. Também não está descartada a possibilidade de Alexandre Tombini, o atual presidente e funcionário de carreira, ficar mais tempo no cargo. Isso porque o BC vive um momento de trégua com o mercado.

Nenhum dos cotados comenta possíveis convites ou sondagens: uma exigência de Meirelles. Ele terá ainda o poder de definir, com o vice-presidente Michel Temer, outros cargos importantes como os presidentes da Petrobras e do Banco do Brasil. PRESIDENTE DO BB TENTA SE MANTER Com receio de pressão política por loteamento de cargos no Banco do Brasil num eventual governo Temer, o presidente do BB, Alexandre Abreu, já procurou apoio do setor financeiro para permanecer à frente da instituição. Usou o argumento de que era preciso blindar o banco. Abreu está à frente da renegociação das dívidas das maiores empresas do país, porque o BB é líder de vários consórcios que financiam grandes investimentos.

É provável que, tanto no caso do Banco do Brasil, quanto em relação à Caixa Econômica Federal e o BNDES, Temer interfira diretamente na nomeação. O papel dos bancos públicos deve ser revisto por um eventual futuro governo.

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