Dólar sobe com alta do imposto e bolsa cai

Data: 03/05/2016
CORREIO BRAZILIENSE - DF
RODOLFO COSTA

O mercado reagiu de imediato à decisão do governo em elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de câmbio. Com o iminente aumento de custos de captação, as ações dos principais bancos caíram ontem, puxando o principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), o Ibovespa, para uma queda de 0,65%, a 53.561 pontos. Os preços dos papéis das instituições financeiras também foram impactados pelo pedido de recuperação judicial da Sete Brasil, que deve R$ 4,9 bilhões a Itaú, Santander e Bradesco. Para tentar escapar do aumento do tributo, houve compra maciça de dólar e a moeda norte-americana subiu 1,44%, cotada a R$ 3,490.

A medida anunciada ontem pelo governo aumenta não apenas o IOF para a compra de moeda estrangeira em espécie como também põe fim ao incentivo para captação de bancos com debêntures, com alíquota de 1% ao dia em caso de resgate de aplicação antes de 30 dias. "Isso vai aumentar o resultado com compulsório para fazer captação, tornando-a mais cara. Com esse desincentivo, isso vai pressionar os preços dos bancos", avaliou Marcos Nihari, analista da DXI Planejamento Financeiro.

O pedido de recuperação judicial da Sete Brasil - estatal criada para gerenciar a construção das sondas do pré-sal - foi outro motivo a preocupar os mercados. Como os principais bancos com ações em bolsa têm ativos na empresa pública, a notícia aumenta os riscos aos investidores. Com isso, as ações do ItaúUnibanco recuaram 2,78%, as do Banco do Brasil caíram 2,85%, as do Bradesco contraíram 2,28% e as do Santander registraram queda de 1,61%.

Demanda

No caso do câmbio, o real se desvalorizou em relação ao dólar diante de um cenário de mais custos para a compra da divisa norte-americana, mesmo em meio a intervenções do Banco Central (BC), que anunciou leilão de até 40 mil contratos de swap cambial reversos - compra futura de dólares - no valor de US$ 2 bilhões. "A demanda pela moeda aumentou antes que o custo onere mais o investidor. Mas não vejo o impacto como um movimento longo, mas, sim, curto", ressaltou Nihari.

No cenário político, o noticiário teve pouca relevância para alimentar os ânimos dos investidores, com especulações em relação ao processo de transição de governo, com o vice-presidente da República, Michel Temer, assumindo a Presidência. Nesse cenário, as sinalizações são cada vez mais claras de que Henrique Meirelles assumirá o Ministério da Fazenda. A informação, no entanto, já está precificada pelo mercado, avalia Nihari. "Não teve novidade. Mesmo com os bancos puxando a bolsa para uma queda, o movimento poderia ter sido de alta se tivesse saído alguma informação de bastidores", disse.

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