Importação de carro coreano sobe 800%

VALOR ECONÔMICO
Sergio Leo e Marli Olmos, de Brasília e São Paulo
02/12/2009

Chamou a atenção do governo o aumento de 820% no valor total da importação de carros da Coreia em novembro deste ano, comparado com o mesmo mês do ano passado. Estratégias agressivas das marcas coreanas para trazer esses veículos a preços competitivos é um dos principais responsáveis pelo desempenho dessas importações (quando comparado o volume, em unidades, das importações de carros coreanos, o aumento foi de quase 1.180%).

A curiosidade, no governo, para entender o fenômeno levou um grupo de técnicos do Ministério do Desenvolvimento a iniciar, em novembro, um estudo sobre as compras de automóveis das montadoras do tigre asiático, a pedido do ministro Miguel Jorge. O estudo deve ser concluído nas próximas semanas. O grande crescimento das vendas dos automóveis coreanos ao Brasil neste ano fez com que a Coreia chegasse ao posto de segundo maior fornecedor de automóveis ao país.

O crescimento das vendas de modelos coreanos no mercado brasileiro se sustenta quase que totalmente na agressiva estratégia de marketing de uma única marca, a Hyundai. Em novembro, a marca ficou no oitavo lugar no ranking dos licenciamentos de veículos no país, com uma fatia de 3,08%, superior às de montadoras com instalações industriais mais antigas - Peugeot, Citroën e Mitsubishi.

Representada pelo grupo Caoa, do empresário brasileiro Carlos Alberto Oliveira Andrade, a Hyundai tem investido principalmente em novos carros de passeio. É o caso do I30, um modelo que, segundo fontes da indústria, tem sido testado até pelos presidentes das montadoras veteranas. Somente em novembro, as vendas do I30 superaram as de nacionais como o Astra, da General Motors , Fiesta sedã, da Ford, e o Punto, da Fiat.

A Coreia, com quase 20% das vendas ao Brasil em outubro e novembro, em volume de exportações ficou só atrás da Argentina, sócia dos brasileiros no Mercosul (58% do mercado), e ultrapassou o México, com quem o Brasil tem acordo de redução de tarifas e longa tradição de integração entre as montadoras. É um desempenho espantoso se comparado com a situação de apenas um ano atrás, quando os coreanos representavam apenas 2,6% das importações brasileiras de automóveis, abaixo de Japão, Alemanha e França.

No capítulo dos veículos de carga, a Coreia, com seus utilitários pequenos, exporta menos ao Brasil, em valor, que os Estados Unidos, mas vende muito mais veículos. Em valores, as exportações coreanas de veículos de carga ao Brasil cresceram quase 90% em relação a outubro (quase 60% em relação a novembro de 2008); em quantidade, as importações vindas da Coreia aumentaram quase 115% em relação ao mesmo mês do ano passado, e mais de 96% em relação a outubro.

Apesar de, em termos percentuais, as importações provenientes da França terem sido as que mais aumentaram em valor, de outubro para novembro (82%), os automóveis franceses são importados em volume pequeno, menos de US$ 7 milhões no mês passado. Coreia e Argentina foram os países responsáveis pelo grande crescimento das importações de automóveis em novembro, um dos principais fatores para a alta das importações brasileiras de automóveis no mês passado, 7% a mais em valor quando comparadas a outubro - e 35% maiores, na comparação com novembro de 2008.

Em quantidades, as importações de carros somaram 48 mil unidades, ligeiramente abaixo das 51 mil importadas em outubro, mas 77% acima do total importado em novembro de 2008. "O aumento na importação de bens duráveis não foi muito grande, mas as importações de automóveis foram muito grandes, chamam a atenção", comentou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.

Barral atribuiu o comportamento do mercado para automóveis importados à queda na cotação do dólar e ao aquecimento do mercado brasileiro. Um sinal de que a entrada de carros coreanos mais baratos pesou no resultado é a constatação, pelo Ministério do Desenvolvimento, de que o preço médio dos automóveis comprados no exterior caiu 24% em novembro, ao se comparar com novembro do ano passado. De quase US$ 16,5 mil em média em novembro de 2008, os carros importados foram comprados a US$ 12,5 mil em média, no mês passado.

No caso da Hyundai, há também uma estratégia agressiva na publicidade. A marca aumentou em 130% o investimento em mídia no ano passado, passando de R$ 60,9 milhões em 2007 para R$ 140 milhões em 2008. Isso fez a empresa sair do 43º para o 18º lugar no ranking dos maiores anunciantes do país. O valor é quase igual ao da Coca-Cola (R$ 145,7 milhões em 2008). Por trás desses planos está um projeto de investimento dos coreanos. O grupo Caoa tem uma fábrica em Goiás, erguida com capital brasileiro, mas a montadora pretende construir outra em breve.

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