Fim do euro cada vez mais provável

O Globo - 25/07/2012
Daniel Haidar


O fim do euro como moeda comum da União Europeia (UE) é cada vez mais provável, na opinião de renomados economistas reunidos ontem no Rio no seminário "O Brasil e o mundo em 2022". Dani Rodrik, professor de economia política da Universidade de Harvard, afirmou que o fim da divisa é "cada vez mais provável".

- Espero que o euro não termine, mas parece cada vez mais provável. Se e quando a Grécia sair do euro, as autoridades vão agir rápido para apoiar Espanha e Itália, mas duvido que consigam prevenir futuras saídas - disse Rodrik no evento de comemoração de 60 anos do BNDES, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico.

Barry Eichengreen, professor de economia e ciência política da Universidade da Califórnia, também avalia que a dissolução do euro é um risco bem provável. Ele diz que a principal solução para evitar isso, sempre adiada pelas autoridades europeias, seria um estímulo monetário conhecido em inglês como quantitative easing (afrouxamento monetário). Isso significaria o Banco Central Europeu (BCE) imprimir euros para comprar títulos públicos de países endividados. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já adotou essa política duas vezes e conseguiu estimular a economia. Para Eichengreen, esse estímulo pode reduzir os insustentáveis juros que Espanha e Itália vêm sendo obrigadas a pagar para se financiar no mercado de títulos públicos, além de melhorar a situação dos países já resgatados diretamente por empréstimos (Grécia, Portugal e Irlanda).

- Existem pelo menos quatro crises diferentes na Europa. A principal solução para juros insustentáveis seria o afrouxamento monetário pelo Banco Central Europeu. Mas alguém teria também de injetar capital nos bancos. Alguém tem de lidar com os problemas de competitividade nas exportações. E alguém tem de restaurar a confiança entre governantes e eleitores - diz Eichengreen.

Rodrik diz considerar provável um fraco crescimento econômico mundial nos próximos anos, mas acredita que países com a economia mais dependente do mercado interno tenham maior chance de prosperar e obter desempenho acima da média. Segundo o professor de Harvard, estariam em melhor situação Brasil, Índia e Coreia do Sul.

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, adiantou que a linha de financiamento de máquinas e equipamentos (Finame) do banco pode mostrar uma "recuperação tênue" dos investimentos em julho. Isso porque, segundo ele, o volume desembolsado para aquisição de bens de capital deve chegar a pelo menos R$ 3,7 bilhões em julho, contra R$ 3,2 bilhões em junho:

- É uma recuperação tênue ainda, na margem, de vendas de máquinas e equipamentos, incluindo caminhões. Pode ser indício da retomada do crescimento no segundo semestre.

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