União espera ajuda do câmbio para ter saldo positivo na balança

por RedacaoT1
Foto: Daniel Teixeira/ Estadão
Para que a balança comercial tenha um “pequeno superávit” em 2013, o governo conta com a desvalorização da moeda até o fim do ano e aumento da produção de petróleo no país.
Em agosto, o comércio exterior voltou a registrar superávit. O saldo positivo foi de US$ 1,2 bilhão. Mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) prefere não falar que o comportamento do mês será a tendência para o resto do ano.

Uma queda nas importações, principalmente de bens de consumo, deve ser verificada até dezembro, enquanto que as vendas externas de petróleo devem subir no período, prevê Daniel Godinho, que assumiu o cargo de secretário de Comércio Exterior no mês passado.
“Se o câmbio se mantiver no patamar atual, é possível que isso tenha impacto sobre a balança comercial”, disse. Do lado das importações, os efeitos devem aparecer no curto prazo, apesar de os dados de comércio exterior de agosto ainda não terem mostrado relação com o real mais desvalorizado.
Para as exportações, a expectativa é de aumento das vendas internacionais no médio prazo. Godinho, no entanto, lembrou que isso varia de acordo com o setor econômico. Ele não quis citar quais segmentos teriam esse impacto positivo, mas confirmou que alguns ramos da economia já devem apresentar maiores exportações no ano em função do câmbio.
Num cenário que considera esses efeitos e uma diminuição do déficit das transações de petróleo e derivados no ano, o governo prevê “um pequeno superávit” na balança comercial de 2013, informou Godinho, sem estimar um número exato para o resultado.
A ex-secretária de comércio exterior Tatiana Prazeres afirmou, no mês passado, que esperava um superávit mesmo que “bastante inferior” ao de 2012, que foi de US$ 19,4 bilhões.
O saldo das transações internacionais mostra instabilidade em 2013. Até o momento, houve superávit em quatro meses e déficit nos demais. Julho foi um dos períodos com resultado negativo.
Questionado se a balança comercial brasileira apresentou uma “virada”, Godinho respondeu: “Não gostaria de apontar ainda uma tendência. Nós aguardamos o comportamento da conta petróleo e também do câmbio para que a gente possa confirmar, ou não, um cenário positivo de superávit pequeno no ano”.
De janeiro a agosto, a balança comercial registrou um déficit de US$ 3,7 bilhões. Esse é o pior resultado do comércio exterior do Brasil nos oito primeiros meses de um ano desde 1995, quando o saldo foi negativo em US$ 4,1 bilhões. A conta do comércio internacional do país nesse mesmo período não era deficitária desde 1999, segundo série histórica do Mdic.
Uma das explicações do forte desempenho negativo no acumulado de 2013 é o registro de aproximadamente US$ 4,6 bilhões importações de petróleo e derivados realizadas no fim de 2012, mas que foi feito apenas no começo do ano. Instrução normativa da Receita Federal publicada em 2012 permitiu que o registro dessas compras externas de petróleo e derivados pudesse ocorrer mais tarde.
Para Godinho, o déficit na balança comercial no ano é “conjuntural, por causa da conta petróleo, e essa situação mudará”. A expectativa vem de um “aumento da produção e exportação de petróleo e redução das importações” do produto nos próximos meses, explicou.
O déficit apenas no balanço das transações comerciais de petróleo de janeiro a agosto saltou de US$ 2,5 bilhões em 2012 para US$ 16,3 bilhões nesse ano. Excluindo petróleo da balança comercial de 2013, haveria um superávit de US$ 12,6 bilhões.
Em caso de um possível ataque à Síria, “haverá possivelmente um aumento do preço”, disse Godinho, avaliando que isso “ajudará” as exportações brasileiras do produto, porque eleva o valor a ser vendido. Ele destacou que as previsões do Mdic sobre comportamento da balança comercial para o ano consideram “a produção brasileira e aumento das exportações” de petróleo. Os efeitos de um possível conflito na Síria “escapam” do controle do governo brasileiro, completou.
Durante sua primeira coletiva de imprensa, Godinho comentou bastante o cenário para importações e exportações no ano, mas “por enquanto” preferiu não fazer previsões para o comércio exterior em 2014 nem falar em um “câmbio ideal” para a economia do país.
Fonte: Valor Econômico, Por Thiago Resende e Lucas Marchesini