Dólar fecha abaixo de R$ 3,50 pela 1ª vez em 8 meses

Data: 12/04/2016
O GLOBO - RJ
ANA PAULA RIBEIRO

BC tentou conter a queda da cotação e fez três leilões da moeda no mercado futuro no valor de US$ 1 bilhão

Foi a cotação do dólar ontem, a menor desde agosto. A queda de 2,83% foi influenciada pelo cenário externo e pela expectativa com o impeachment. No turismo, o dólar ficou em R$ 3,62 -SÃO PAULO- Os três leilões do Banco Central (BC)no mercado de câmbio ontem não foram suficientes para conter a queda do dólar comercial. A moeda americana caiu 2,83%, a R$ 3,495, o menor valor em quase oito meses e a primeira vez que fica abaixo de R$ 3,50 desde 21 de agosto do ano passado, há oito meses. A busca de investidores globais por ativos de maior risco em economias emergentes e a expectativa de mudança no comando do país contribuíram para a queda na cotação da moeda. Na visão de analistas, a atuação da BC foi para conter a alta volatilidade. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve leve queda de 0,25%, aos 50.165 pontos.

A divisa operou em queda por todo o dia. Os R$ 3,495 é o menor valor de fechamento desde os R$ 3,461 do dia 20 de agosto do ano passado. No dia seguinte, dia 21, fechou em R$ 3,495. Ao longo do pregão, o BC realizou três leilões de swaps cambiais reversos, contratos que equivalem a compra de moeda no mercado futuro. Foram oferecidos 40 mil contratos, mas só 20 mil foram vendidos, o equivalente a US$ 1 bilhão. Além disso, rolou pouco mais de 70% dos contratos de swap tradicionais (que equivalem a venda de moeda à vista) que venciam hoje. Com isso, enxugou do mercado um total de US$ 1,075 bilhão.

- Quando o dólar fica abaixo de R$ 3,60, o BC começa a comprar. A impressão é que se quer reduzir a volatilidade. O BC está sendo prudente nessa atuação - afirmou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.

A oscilação entre o dólar e o real está em 29,4%, bem próximo da máxima de 30,1% de setembro de 2015, quando o Brasil perdeu o grau de investimento pela Standard & Poor"s.

DÓLAR TURISMO A R$ 3,62

A expectativa da aprovação do relatório favorável à instalação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi o fator interno a reduzir a cotação.

- A questão política faz o real se valorizar mais que outras moedas de emergentes. Há o processo de impeachment na Câmara e o julgamento da cassação da chapa da presidente Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa é que ela não terminará o mandato - disse Bernard Gonin, analista da Rio Gestão Investimentos.

Parte dos agentes dos mercados são contrários ao atual governo. Com essa expectativa, os ativos brasileiros acabam se fortalecendo. Gonin lembrou que há maior otimismo no exterior:

- As commodities estão mais fortes. O Federal Reserve (Fed, o BC americano) deixou claro que vai subir juros abaixo do que o mercado esperava. Isso tudo aumenta o apetite por risco em ativos emergentes.

Acompanhando a queda da cotação no comercial, o dólar turismo fechou a R$ 3,62 no Banco do Brasil, já incluindo o Imposto de Operações Financeiras (IOF), de 0,38% para papel moeda. No cartão pré-pago, sobre o qual a alíquota de IOF é de 6,38%, o preço foi de R$ 3,80. Já o euro ficou em R$ 4,14 em espécie e R$ 4,33 no cartão.

ANA PAULA RIBEIRO ana.ribeiro@sp.oglobo.com.br Colaborou Augusto Decker, sob supervisão de Ana Cristina Perrone

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