Se ficar parado, a crise pega - MOEDA FORTE

Data: 17/04/2016
Veículo: ISTO É DINHEIRO 

A empresária Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede hoteleira Blue Tree, têm colocado em prática uma cartilha, digamos, incomum em tempos de crise. Ao perceber que a taxa de ocupação de seus hotéis recuou três pontos percentuais, no ano passado, para a média de 60%, decidiu partir para o ataque, em vez de esperar a tempestade política e econômica passar. Na semana passada, Chieko anunciou parceria com a incorporadora capixaba Incortel e com a rede americana Best Western - a sexta maior rede hoteleira do mundo, com mais de 4,2 mil hotéis em 100 países. O acordo resultará no lançamento de 15 novos hotéis até 2020. Orçado em R$ 1 bilhão, o plano prevê a contratação de 700 funcionários e a oferta de 2 mil quartos no eixo Rio-São Paulo. E a recessão? "A crise só afeta uma empresa quando deixamos de tomar decisões", disse a empresária à coluna. "Não podemos ficar parados esperando para ver o que vai acontecer."

Em tempos de crise, as empresas reduzem seus preços para não perderem clientes. A Blue Tree, no en-tanto, não baixou as tarifas. Por quê?

Baixar preços e cortar custos são as coisas mais fáceis de fazer quando há momentos complicados. Essa é a pior postura que uma empresa pode adotar. Nossa diária média, inclusive, subiu de R$ 275, no ano passado, para R$ 282 neste ano. É preciso coragem para fazer isso, mas não é possível manter a qualidade dos serviços, a estrutura e os investimentos baixando preços. Além disso, quando eu reduzo minha tarifa, meu concorrente reduz também. Daí a gente entra numa guerra de preços que prejudica a todos.

Como, então, manter saudáveis as finanças diante de uma queda generalizada na demanda?

Existem outros caminhos. No nosso caso, conseguimos aumentar a carteira de clientes em meio à crise.

De que forma?

Intensificamos as negociações com grandes empresas para que seus eventos fossem realizados dentro de uma unidade Blue Tree. Soube de empresas que reduziram em 50% suas verbas para eventos. Mas fizemos algumas negociações específicas para manter o cliente e saímos em busca de novos. Muitas companhias nos procuraram para fazer novos acordos e contratos. Entendemos que, quando o mercado está ruim, está ruim para todos. Então cedemos algumas coisas para ganhar outras. Com isso, estamos conseguindo manter nosso faturamento de R$ 356 milhões.

Não houve demissões?

Não. Contratamos. Com a inauguração de nossos hotéis no Rio de Janeiro, Guarujá, Valinhos e Ribeirão Preto, aumentamos nosso quadro de funcionários. Para equilibrar as contas, em vez de demitir, aumentamos a produtividade e a performance da gestão. Quando tudo vai bem, a gente deixa passar alguma coisa. Agora, estamos muito mais focados na eficiência dos fornecedores e da própria operação. Estou muito mais exigente com o desempenho de cada unidade, de cada fornecedor.

Todas essas estratégias serão suficientes para garantir a saúde financeira da empresa até a crise passar?


O maior problema da crise não é a crise em si, mas a falta de iniciativa quando é preciso agir. Indecisão resulta em estagnação. Estou colocando todas essas medidas em prática porque não tenho dúvida, não estou indecisa. Em tempos de crise, a gente perde muito tempo discutindo. A gente discute demais, e não age. Aí tudo para. A crise só afeta uma empresa quando deixamos de tomar decisões. É claro que os desafios fazem a gente dormir menos e se preocupar. Eu já ganhei algumas rugas novas nessa crise. Mas temos de nos mexer. Nesta noite, acordei às 4 da madrugada e fui fazer exercícios. Depois vim trabalhar. Não podemos ficar parados esperando para ver o que vai acontecer. Se ficar parado, a crise pega.

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