OMC prevê mais um ano de comércio mundial fraco

Data: 08/04/2016
VALOR ECONÔMICO -SP
Assis Moreira | De Genebra

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê que o ritmo de expansão das importações dos países ricos deve diminuir, e na América Latina continuará havendo contração. Isso fará o comércio mundial crescer de forma "decepcionante" pelo quinto ano seguido, abaixo de 3% em volume.

As trocas globais sofreram perda de US$ 2,5 trilhões em valor em 2015, com a flutuação do câmbio e a queda nos preços das commodities. O valor total do comércio de mercadorias, em dólar, caiu 13%, ficando em US$ 16,5 trilhões. A perda em volume já foi maior, cerca de 20%, no auge da crise global.

Em volume (ajustado pela inflação e câmbio entre os países), as trocas globais crescem, mas em ritmo menor. Como o Valor antecipou, a OMC prevê para 2016 crescimento de só 2,8% nas trocas globais em volume, ante a projeção anterior de 4,5%. Em 2015, essa taxa de expansão foi de 2,8%.

Para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, a volatilidade dos mercados financeiros erodiu a confiança das empresas e dos consumidores e pode ter contribuído para a redução da demanda mundial de certos bens duráveis.

As importações dos países desenvolvidos devem crescer a um ritmo menor, de 3,3%, ante alta de 4,5% em 2015. Persiste inquietação com as Américas do Sul e Central, afetadas pela recessão no Brasil: a expectativa é de queda de 4,5% nas importações da região, após queda de 5,8% em volume em 2015.

Em 2015, a OMC sugeria que os exportadores deveriam tentar ampliar vendas nos EUA e na Europa. Agora, a recomendação é para insistir com a Ásia. As importações voltaram a aumentar na região, inclusive na China, desde o fim do ano, e os temores de uma desaceleração brutal chinesa diminuíram.

Com isso, espera-se moderação na valorização do dólar e ligeira retomada dos preços de matérias-primas, mas nada significativo.

A OMC rebaixou suas projeções, mas avisa que é possível que haja tanto mais queda como maior recuperação. De um lado, persistem os riscos de uma desaceleração maior da economia da China, caso a volatilidade dos mercados financeiros se agrave e os países já muito endividados enfrentem fortes flutuações das taxa de câmbio.

Mas a entidade aponta ainda potencial de alta das exportações e importações, se o estímulo de liquidez dado pelo Banco Central Europeu (BCE), com taxa de juro negativa, conseguir reforçar o crescimento na zona do euro.

Em 2016, o comércio global deve crescer no mesmo ritmo do PIB mundial, e não o dobro, como foi no passado. Um período tão longo e ininterrupto de crescimento fraco do comércio é sem precedentes, e a OMC alerta que não se deve subestimar sua importância.

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