Com 55 mil visitantes, feira é uma das maiores do mundo

Autor(es): Por Carlos Vasconcellos | Para o Valor, do Rio
Valor Econômico - 25/09/2012

Em 1982, o Brasil enfrentava uma das crises financeiras mais graves de sua história. O país havia quebrado no efeito dominó provocado pelo pedido de moratória da dívida externa do México e entrava em sua década perdida. Ao mesmo tempo, o preço do petróleo no mercado internacional disparava. Na época, a produção nacional não passava de 300 mil barris diários de petróleo e o Brasil era um mero coadjuvante na indústria global do setor, totalmente dependente do mercado externo.
Sem crédito para manter as importações do produto, o país esteve à beira de um racionamento de combustíveis, evitado no último minuto depois de uma dura negociação com a Arábia Saudita.
Para tentar conter a sangria da balança comercial, o governo brasileiro cortou importações de todo tipo, mas evitou interromper a compra do petróleo. Com isso, o óleo chegou a representar 80% das compras externas do país no período. Foi em meio a esse cenário caótico que o Instituto Brasileiro do Petróleo inaugurou o I Congresso Brasileiro do Petróleo, no Rio de Janeiro, feira que reuniu 168 expositores em cinco mil m2.
Trinta anos depois, o país e o mercado de petróleo mudaram bastante. Hoje, o Brasil possui cerca de US$ 365 bilhões em reservas internacionais, produz mais de 2 milhões de barris por dia e, com as últimas descobertas, pode se tornar um exportador relevante de petróleo.
O antigo congresso, por sua vez, transformou-se na Rio Oil & Gas. Na 16ª edição do evento, 1,3 mil expositores de 27 países ocuparam mais de 39,5 mil m2, recebendo cerca de 55 mil visitantes durante quatro dias. "A feira se tornou uma referência internacional. Todas as grandes empresas estão aqui", diz João Carlos de Luca, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
Em seu discurso na abertura da Rio Oil & Gas, Marco Martins de Almeida, secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, lembrou de sua primeira participação no então Congresso Brasileiro de Petróleo, em 1988. "Fiquei impressionado, a feira já era grande naquela época", disse. "Mas o que a gente vê hoje, realmente dá orgulho."
Júlio Bueno, secretário de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, lembra que a possibilidade de transformar o Brasil em exportador de petróleo é um fato ainda muito recente. "Em 1982, importávamos mais de 90% do petróleo consumido e no começo dos anos 90, no plano estratégico da Petrobras, o objetivo ainda era garantir com segurança o abastecimento do país", diz.
A 16ª edição da Rio Oil & Gas também marca um momento decisivo para um novo salto na indústria de petróleo do país. Para Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Brasil tem condições de se firmar como um exportador relevante no mercado internacional, no nível de países como Angola ou Noruega.
Segundo Magda, o potencial do país vai muito além do pré-sal. "Os dados e informações coletados indicam bom potencial em nossas bacias para reservas convencionais e não convencionais", afirma.
Segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, o Brasil dispõe de 7,5 milhões de km2 e, "desse total, apenas 5% concedidos à exploração", afirma Magda. "Por esta razão estamos investindo em novos estudos, para gerar mais conhecimento sobre essas áreas, proporcionando menos riscos para atrair mais investidores para os futuros leilões", observa.




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