Washington reclama na OMC de subsídios de Pequim a autopeças

Folha de S. Paulo - 18/09/2012
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Os EUA abriram ontem o segundo processo contra a China na OMC (Organização Mundial do Comércio) em dez semanas, desta vez contra supostos subsídios ao setor de autopeças, em uma manobra explorada pelo presidente Barack Obama no palanque. 

"Abrimos mais processos contra a China em um mandato do que o governo anterior em dois", disse Obama ao falar do processo, durante comício em Cincinnati, Ohio -Estado manufatureiro que pode definir a eleição. 

"Meu oponente diz que vai comprar a briga com a China, mas a experiência dele é como o dono de uma empresa pioneira em exportar empregos a países como a China." 

A alusão é à consultoria Bain Capital, que o republicano Mitt Romney dirigiu e que nos anos 90 reerguia empresas terceirizando postos de trabalho. 

O anúncio do processo foi feito de manhã em um comunicado à imprensa do embaixador Ron Kirk, que ocupa cargo equivalente a de um ministro do Comércio Exterior: "O governo Obama está comprometido em proteger os direitos de 800 mil trabalhadores americanos do setor de autopeças", afirmou. 

"Insistimos no campo de jogo nivelado (...) Os subsídios são vetados e distorcem o comércio internacional." 

Os EUA alegam que o governo chinês subsidia sua indústria automotiva e de autopeças com um programa de fomento a polos exportadores que teria entregue irregularmente ao setor US$ 1 bilhão de 2009 a 2011 (a estimativa seguiria dados públicos). 

De 2002 a 2011, diz o Departamento de Comércio Exterior, os EUA foram o maior cliente de peças automotivas chinesas, que competem com as de Estados como Ohio. 

O processo anterior, de julho, também visava o setor -na ocasião, Washington questionou taxas antidumping e mecanismos de compensação impostos por Pequim sobre veículos dos EUA. 

As duas partes têm agora 60 dias para achar uma solução consensual e evitar que o caso siga para um painel de arbitragem da OMC, que decidiria sobre eventuais penas. 

A China abriu seu próprio pedido de consultas sobre supostos mecanismos antidumping aplicados pelos EUA contra suas exportações de papel, pneus, aço, pisos de madeira, pequenos eletrodomésticos e turbinas eólicas.

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