Assembléia volta a apurar sistema ferroviário em CPI

JCnet
Monise Centurion

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo instaurou Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Ferroviário, presidida pelo deputado Vinícius Camarinha (PSB), da região de Marília, para investigar o transporte ferroviário paulista, abandono do patrimônio, contratos de privatizações e fazer avaliação das obrigações das concessionárias, inclusive da América Latina Logística (ALL). A instauração do novo grupo de trabalho ocorreu esta semana e a expectativa é que a CPI passe também por Bauru.

“Há quatro anos tento criar esta CPI e finalmente conseguimos. O que aconteceu com as nossas ferrovias? Cadê os trens de passageiros? O que aconteceu com o patrimônio ferroviário? O trem de passageiro seria uma grande alternativa das pessoas para o transporte rodoviário, uma saída econômica. São diversos benefícios que o transporte ferroviário apresenta que até hoje ninguém consegue dar uma resposta à população em relação ao que houve com a ferrovia. E nós vamos investigar”, afirma o parlamentar.

A comissão é composta por sete deputados, que tem prazo inicial de três meses, prorrogáveis por mais três, para encerramento dos trabalhos. Diante da quantidade de trabalho que a CPI terá de apurar, o grupo irá elaborar um plano para radiografar as condições da ferrovia paulista. Aprovado, o plano será apresentado já na próxima reunião, realizada na terça-feira, às 11h30, em São Paulo.

“As ferrovias foram dadas em pagamento a uma dívida que o Estado tinha com a União para o BNDES. Depois, foram privatizadas. Porém, as empresas que ganharam essa concessão não cumprem o que nós imaginamos ser o contrato adequado, que deveria ser de responsabilidade, de manter as ferrovias, manter o transporte ativo, não só de cargas, mas também o de passageiros”, diz Camarinha.

De acordo com o deputado, a investigação irá abranger os governos estadual, federal e as concessionárias. Além da apuração na Capital, os parlamentares tem planos de levantar informações em algumas cidades, inclusive Bauru. “Penso em estabelecer junto à CPI uma visita à algumas regiões de estrutura razoável de serviço, e Bauru oferece isso, até por ser um entroncamento ferroviário. Queremos fazer outras análises in loco da situação.”

Para o vereador e coordenador do Sindicato dos Ferroviários de Bauru, Roque Ferreira (PT), a CPI é importante para debater a situação da malha ferroviária no Estado de São Paulo. “Entretanto, é bom a gente ressaltar que nós tivemos uma CPI que se debruçou de maneira muito contundente sobre as privatizações no Estado. E quem presidiu foi o então deputado Carlos Braga.”

Roque explicou que a investigação concluiu que os contratos de concessão foram descumpridos, tanto do ponto de vista dos investimentos que as empresas estavam obrigadas a fazer pela preservação de patrimônio, como na parte operacional e de relações de trabalho. “Fui autorizado pelos sindicatos a fazer a intermediação entre os sindicatos e a CPI. É importante que o deputado Camarinha mantenha contado com os sindicatos, porque todos eles tem levantamentos precisos que podem ajudar na investigação.”

ALLA

América Latina Logística (ALL) informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se opõe a qualquer investigação que tenha seu nome envolvido e está disposta a colaborar em qualquer situação que for solicitada. A empresa foi fundada em março de 1997, quando a Ferrovia Sul Atlântico venceu o processo de privatização da malha sul da Rede Ferroviária Federal e passou a operar a malha no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Posteriormente, assumiu operações da Ferroban, Delara Ltda, Brasil Ferrovias e da Novoeste, além das ferrovias argentinas Ferrocarril Mesopotamico, General Urquiza e Ferrocarril Buenos Aires al Pacifico General San Martin.

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