Dólar ganha valor de refúgio, mas deve se enfraquecer em 2012

Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 21/12/2011

O dólar americano supera o ouro no fim do ano como valor de refúgio preferido de investidores inquietos com o acúmulo de riscos na economia mundial. No longo prazo, porém, analistas acham que a moeda americana voltará a sofrer pressões de baixa.

A cotação do metal precioso alcançou recentemente seu mais baixo nível desde setembro. Depois de ter sido negociada a mais de US$ 1.900 há quatro meses, a onça de ouro valia ontem US$ 1.602. Por sua vez, um índice de dólar, comparado a moeda americana com seis outras grandes divisas, alcançou, na semana passada, seu mais alto nível desde janeiro.

A demanda pela divisa americana aumentou nas últimas semanas por diferentes razões. Primeiro, investidores e operadores se apressaram em reduzir sua exposição em euro; segundo, com as dificuldade nos mercados financeiros na Europa, bancos e companhias foram forçados a buscar "funding" principalmente em dólar; terceiro, o dólar americano se beneficia de sinais de melhora na economia, contrastando com a deterioração das economias europeias.

""É pouco surpreendente que o dólar esteja com tanta demanda"" diz Michael Derks, estrategista chefe da consultoria de câmbio FxPro, em Londres.

Sobretudo, o dólar voltou a ser opção preferida graças a seu papel dominante como moeda internacional de reserva, com a vantagem de liquidez, quando investidores tentam evitar comprar ativos que não podem vender rapidamente.

Certos analistas avaliam que a divisa americana deverá continuar forte no começo de 2012, em meio à persistente inquietações sobre o futuro da zona do euro, desalavancagem global e fraco desempenho do setor financeiro.

Para analistas do Rabobank, o euro continuará sob pressão nos próximos meses, já que uma solução para a crise da região segue incerta. Também o banco Nomura projeta para o ano que vem um cenário negativo para o euro, dominado por mudança na alocação de ativos. A cotação do euro contra o dólar pode atingir 1,20 no segundo trimestre, comparado a 1,30 de ontem.

Os especialistas alertam que, como os EUA vão ter de enfrentar seu "demônio fiscal"", depois da eleição presidencial de 2012, a política monetária americana terá um papel ainda mais importante para apoiar o crescimento econômico e isso é consistente com um dólar mais fraco.

"A economia americana, e o dólar, estão longe encontrar uma saída para seus problemas"", conforme Jane Foley, analista de divisas do Rabobank, da Holanda.

A expectativa nos mercados é de que as preocupações com o impacto da situação na Europa possam levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), a adotar uma terceira rodada de "quantitative easing"", ou afrouxo fiscal, no começo de 2012. Mesmo se isso não tiver muito impacto no valor do dólar em relação ao euro, pode enfraquecer a divisa americana na comparação com o ouro.

Já o ouro ainda tem o melhor desempenho entre as principais commodities. O metal registra valorização pelo 11º ano (em dólar), mesmo com um preço que deixa muita gente frustrada no fim do ano.

Conforme análise do Standard Bank, com a onça a US$ 1600, a demanda física por ouro cresceu substancialmente nos últimos dias, compensando parcialmente a saída temporária de investidores.

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