Brasil reduz custo de produção, mas foco ainda são os EUA

Autor(es): Por Moacir Drska | De São Paulo
Valor Econômico - 29/10/2012


Os custos mais reduzidos fizeram com que a Argentina se tornasse um dos rivais do Brasil como polo de exportação de software na América Latina nos últimos anos. Esse movimento contou, inclusive, com o investimento de empresas brasileiras, que instalaram operações no país vizinho para absorver parte dessa demanda.
Nos últimos dois anos, no entanto, esse cenário vem mudando, tendo como pano de fundo a instabilidade econômica na Argentina. "Antes, exportar software a partir do Brasil ficava de 50% a 80% mais caro do que na Argentina. Hoje, essa relação está mais equilibrada", disse Marco Stefanini, executivo-chefe da brasileira Stefanini, que mantém um centro em Buenos Aires.
A Ci&T é mais uma empresa brasileira a manter uma operação na capital argentina, que responde por 20% das exportações da companhia para os Estados Unidos. Os 80% restantes ficam sob a responsabilidade do Brasil. "Em média, os custos na Argentina ainda são 20% mais baixos que no Brasil. Mas o país já foi mais atrativo", disse Cesar Gon, executivo-chefe da Ci&T.
Gon reconhece, porém, que a Argentina ainda registra um volume de exportações de software mais significativo que o Brasil, quando comparado o porte dos dois mercados. Com receita de US$ 21,44 bilhões em software e serviços, o Brasil exportou o equivalente a US$ 2,65 bilhões em 2011, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software. Para 2012, a projeção é de crescimento de 13%, para US$ 3 bilhões.
Em contrapartida, o fato de a Argentina ter um mercado interno bem menor faz com que o país atraia pouco interesse como mercado comprador. "México, Colômbia e Peru estão no radar do Brasil. A Argentina não é prioridade", disse José Antônio Antonioni, diretor de qualidade e competitividade da Softex, organização que promove a exportação do software brasileiro. Em 2011, 8,6% das exportações do Brasil no setor tiveram a América Latina como destino.
Apesar de ressaltar que a exportação brasileira ainda está muito concentrada nos EUA, Sergio Pessoa, diretor de desenvolvimento de mercados da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), afirmou que o país vem procurando diversificar: "Existe um planejamento forte para ampliar os mercados compradores para a Europa, África e América Latina."
Para Gon, há pouco espaço para expansão: "É inviável. Exportar para qualquer país na região envolve taxas de 40%. Todos os países latino-americanos são protecionistas."

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