Itamaraty culpa países ricos e valorização do real

O Estado de S. Paulo - 02/10/2012



Para se defender das críticas e justificar suas barreiras, o Itamaraty optou por acusar países ricos por criar distorções no mercado automotivo internacional e alegou que adotou as políticas industriais em resposta à crise econômica mundial e ao real valorizado. Diplomatas dos países desenvolvidos rejeitaram as explicações e consideraram as respostas "insatisfatórias". Ao sair da reunião, avisaram que não vão ceder nas cobranças até que o Planalto adote nova postura em relação ao comércio.
Em um discurso lido pela diplomata Márcia Donner Abreu ontem na OMC, o Brasil insistiu que o governo trabalhava nos últimos anos num esquema de incentivos para permitir uma "melhoria qualitativa" na produção nacional, com veículos com melhor tecnologia e segurança.
Seguindo um padrão, a representante culpou o real valorizado pela situação. "O câmbio também teve um impacto negativo no nosso setor automotivo, já que o real continua sobrevalorizado em relação às moedas de nossos principais parceiros comerciais, como no caso do euro e do dólar", indicou.
"Além disso, desde o começo da atual crise, em 2008, nossa indústria teve de lidar com os efeitos sistêmicos dos planos de recuperação dos vários países ricos para resgatar sua indústria automotiva", alertou, em relação aos pacotes de ajuda da Casa Branca à GM e à Ford, além dos incentivos europeus a montadoras locais. "A combinação desses fatores causou distorções nas condições de comércio no setor automotivo no Brasil."
Itamaraty também rejeitou a acusação de que os incentivos que entrarão em vigor em 2013 sejam apenas continuação da lei de 2011, reduzindo o IPI. Segundo o governo, o Inovar-Auto é "fundamentalmente diferente" e foi desenhado para "permitir que o setor automotivo do Brasil recupere sua competitividade".
No que se refere às cobranças ao setor de telecomunicações, o governo disse que o leilão do 4G ocorreu no marco de um setor "conhecido por sua abertura". "O procedimento é consistente com a OMC", disse Márcia. / J.C.

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