Aliança do Pacífico deve afetar o Brasil

Autor(es): Por Assis Moreira | De Madri
Valor Econômico - 19/11/2012


México, Colômbia, Chile e Peru anunciaram que esperam concluir até o primeiro trimestre de 2013 um acordo comercial que começará reduzindo em 90% as tarifas de importação de mercadorias entre eles.
Significa que exportações brasileiras, por exemplo, terão maior concorrência nesses mercados, na medida em que os sócios da chamada "Alianza del Pacifico" obterão acesso privilegiado reciprocamente.
A "Alianza del Pacifico", com os quatro países, reúne 215 milhões de habitantes, com renda per capita de US$ 13 mil e representando mais de um terço do PIB da região e 55% das exportações da região para o resto do mundo.
Os presidentes dos quatro países sublinharam em Cádiz, à margem da Cúpula Ibero-Americana, a importância de mais integração regional e internacionalização de suas empresas. O plano de comércio e integração visa o trânsito livre de bens, a livre circulação de serviços, capitais e pessoas e melhorar a cooperação para ampliar terceiros mercados.
A Espanha é o primeiro país europeu a entrar na "Alianza" como observador, a exemplo da Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Uruguai, Costa Rica e Panamá.
Enquanto México, Colômbia, Chile e Peru se reuniam, o presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, apenas assinalou que Bruxelas continua trabalhando pelo acordo UE-Mercosul, sem sinal de impulso político.
Barroso aproveitou para atacar o protecionismo, sendo um dos raros a tocar no tema. Depois de notar que a União Europeia (UE) já assinou acordos de livre comércio com México, Chile, Peru, Colômbia e América Central e está "empenhada" em fazer avançar as negociações com o Mercosul, ele insistiu que o comércio é fator de crescimento e modernização das regiões.
"É por esse motivo que vemos com preocupação o ressurgimento de algumas tendências protecionistas", afirmou diante dos líderes latino-americanos. "A história demonstra que são as economias abertas e o livre comércio, e não o protecionismo, que contribuem para o crescimento e a prosperidade."
Os países da UE, em crise, estão desesperados para aumentar as exportações. E, na verdade, elevaram o superávit comercial com o Brasil, vendendo mais e diminuindo as importações neste ano. O comércio de mercadorias entre a União Europeia e a América Latina duplicou na última década e ultrapassou € 202 bilhões em 2011.
A UE é o principal investidor estrangeiro na região, com estoque de € 385 bilhões. Conforme Barroso, os investimentos diretos europeus no Brasil são maiores do que aqueles que os europeus têm na Índia e na Rússia somados.
Por sua vez, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, mostrou que a Europa faz 54% do comércio entre seus próprios países, na Ásia o comércio regional representa 48% do total, enquanto na América Latina não passa de 18%. "A internacionalização das empresas é dificultada, a única via é a integração, inclusive para substituição de importações", afirmou em entrevista ao Valor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!