Pauta de exportações sofre impacto

Autor(es): Por Roger Marzochi | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 20/11/2012


A crise na Espanha afetou as exportações brasileiras para o país, já prejudicadas por uma delicada situação internacional, que reduziu o preço das commodities. As vendas brasileiras para a Espanha somaram US$ 2,845 bilhões de janeiro a setembro de 2012, uma queda de 19,78% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações de produtos espanhóis subiram no período 3,49%, totalizando US$ 2,602 bilhões. As exportações totais do Brasil caíram, no período, 4,95%, e as importações declinaram 1,24%.
Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a queda no preço das commodities explica grande parte da redução no valor das exportações. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, as exportações de produtos básicos caíram 5,10%, as de semimanufaturados, 24,87%, e a de manufaturados, 54,50%. Entre os dez produtos com maior participação na pauta de exportação para a Espanha, a venda de minério de ferro diminuiu 28,65%; a de minério de ferro aglomerado e seus concentrados, 26,95%; a de sulfeto de minério de cobre, 7,80% e a venda de café não torrado caiu 42,64%. "Além da queda no preço das commodities, houve redução na quantidade comprada de outros produtos", explica Castro.
Enquanto a pauta de exportação do Brasil está concentrada em commodities, as exportações espanholas que desembarcam aqui têm alto valor agregado, dos setores de aviação e energia elétrica. O primeiro item mais importante que o Brasil importa dos espanhóis é "partes para aviões e helicópteros", com US$ 142,459 milhões de janeiro a setembro, uma queda de 1,56%. O governo brasileiro tem um acordo com a EADS Casa, subsidiária espanhola da EADS na área militar, a fabricante franco-alemã do Airbus. O Brasil fechou em 2005 um negócio de € 560 milhões para a modernização de oito aviões de patrulha marítima e a compra de 12 aviões de transporte militar da EADS Casa.
As importações de fungicidas cresceram 28%, o segundo item mais importante da pauta de importações. Já a compra de partes e acessórios de carrocerias para veículos automotores subiu 115,01%, de US$ 29,266 milhões de janeiro a setembro do ano passado para 62,925 milhões no mesmo período de 2012. As importações de eletrogeradores para energia eólica caíram 40%, mas a compra de geradores de corrente alternada (750 KVA) subiram 87,97%, passando de US$ 25,304 milhões em 2011 para US$ 47,565 milhões em 2012, sempre na comparação de janeiro a setembro.
José Augusto de Castro demonstra estar pessimista quanto a uma possível melhoria no cenário. "Não tem perspectiva de melhorar no curto prazo. O desemprego aumenta a cada dia na Espanha e isso reduz o poder aquisitivo, o que significa menos exportações para lá. Até setembro, a Espanha caiu do 11º país de origem das nossas exportações para o 16º destino, perdendo cinco posições, isso do ano passado até agora. Para quem tem mais 25% de desemprego, déficit público elevadíssimo, é um cenário que não tem como se reverter no curto prazo." Para ele, com a crise, o turismo é um dos principais atrativos da Espanha.
Procurada, a Apex-Brasil informou que tem uma série de ações em curso na Espanha para tentar incrementar o comércio, com participação em feiras na Espanha nos setores químico, têxtil, de frutas, arroz e tecnologia da informação. Para 2013, a Apex realizará ações na área de cerâmica, arte contemporânea, cinema, novamente arroz, tecnologia da informação e frutas.

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