Com fechamento de mês, dólar volta aos R$ 2,10

Lucas Bombana   (lbombana@brasileconomico.com.br)
29/11/12 12:59


A preocupação de que um real mais depreciado possa levar o BC a elevar a taxa de juros antes do desejado influencia no movimento de abertura verificado na curva de juros futuros da BM&F Bovespa.
A tradicional briga de final de mês pela Ptax, que mostra uma clara predominância dos comprados nesta quinta-feira (29/11), joga para cima a taxa do dólar, que já se encontra em patamar superior aos R$ 2,10.
A moeda americana tinha valorização de 0,90% nesta tarde, negociada a R$ 2,109 na venda, enquanto o Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, recuava 0,30%.
Na semana passada, quando a cotação da moeda americana ultrapassou o teto dos R$ 2,10, o BC aguardou ela se aproximar dos R$ 2,12 para entrar com um leilão de venda, que a recolocou nos R$ 2,082.
Certamente a autoridade monetária monitora de perto as variações que ocorrem no mercado cambial doméstico nesta quinta, e apenas aguarda o ponto que considera ideal para realizar nova operação similar à da semana anterior.
Os especialistas de mercado entendem que, no momento, a autoridade está mais preocupada em aquecer a economia do que com uma possível pressão inflacionária em 2013 decorrente do dólar mais caro.
Alguns agentes devem estar com posições compradas nos R$ 2,12 da semana anterior, e brigam para jogar a Ptax acima desse nível e obter ganhos no fechamento da taxa, explica Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
"No ano que vem tem o aumento dos combustíveis, o realinhamento de preço dos importados, e a intromissão do governo no mercado tem assustado bastante os investidores. Já não tem fluxo de divisas suficiente", pondera Galhardo.
Um cenário onde o Copom inicie o ciclo de aperto monetário já na primeira reunião de 2013, que acontece nos dias 15 e 16 de janeiro, não é totalmente descartado pelo gerente da Treviso.
"O Copom pode ter mantido os juros agora justamente para antecipara a política no ano que vem".
Juros
A perspectiva de que um dólar mais valorizado irá jogar pressão na alta dos preços nos próximos meses empurra para cima a curva de juros futuros da BM&FBovespa.
Mais negociado, com giro de R$ 13,356 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 subia de 7,30% para 7,32%, enquanto o para janeiro de 2015 avançava de 7,90% para 7,94%, com volume de R$ 7,725 bilhões.
"Mesmo esperando algum aperto no final do ano que vem, temos a visão de que o BC deve primeiro recorrer a medidas macroprudenciais e à apreciação da taxa de câmbio para ajudar a combater a inflação. A elevação da taxa Selic deve ser o último recurso da autoridade", afirma Marcelo Salomon, do Barclays, em relatório.
O Itaú Unibanco, por sua vez, entende que, caso tenhamos significativas decepções no nível da atividade econômica neste, e nos próximos trimestres, o Copom poderá realizar novos cortes na Selic.
"O sinal de manutenção dos juros por um tempo suficientemente prolongado revela confiança em um nível menor de juros reais de equilíbrio e também a necessidade de manter o estímulo para a economia", diz o relatório da instituição assinado pelo economista-chefe Ilan Goldfajn, que foi diretor de política econômica do BC de 2000 a 2003.
"A decisão do Copom de manter a taxa em 7,25% é decisiva para garantir a confiança e estimular os investimentos", avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A FecomercioSP, por sua vez, entende que a permanência da Selic no atual patamar foi a ação mais razoável, já que, com a inflação acima do centro da meta, não há mais espaços para novas reduções.
Porém, a entidade destaca que "a atual situação do BC não é das mais simples, uma vez que é preciso lidar com a necessidade simultânea de manter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) controlado, reduzir o custo da dívida e estimular a economia do país, que vem crescendo em baixo ritmo". A FecomercioSP projeta a Selic em 9% no final do próximo ano.

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