Especialistas veem meta de exportação distante

Autor(es): Por Thiago Resende | De Brasília
Valor Econômico - 16/11/2012


Para alcançar o mesmo nível exportado no ano passado (US$ 256 bilhões), os embarques brasileiros ao exterior terão de crescer 36% nas últimas semanas do ano em relação a igual período de 2011. Ao abandonar a meta de exportação estabelecida no começo do ano (US$ 264 bilhões), o governo passou a trabalhar para que o valor exportado de 2012 fique no mesmo nível de 2011.
Mas esse objetivo, mesmo sendo inferior ao inicialmente traçado, só será atingido se as exportações inverterem a tendência de queda e passarem a avançar - e muito - no restante do ano. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mantém a previsão para o ano de "algo em torno" do registrado em 2011. Mas especialistas acreditam que nem esse crescimento zero nas exportações será possível.
Até a segunda semana de novembro, o país exportou US$ 209,6 bilhões. Faltam US$ 46,4 bilhões para o novo objetivo do Mdic. Nas três últimas semanas de novembro e em dezembro do ano passado, as exportações somaram US$ 34,1 bilhões. Portanto, é necessária uma alta de 36%.
Só que no acumulado até outubro os embarques registraram uma retração de 4,6% em valor, e de 5,5% pela média diária. O Mdic argumenta que as exportações já registram aumento, como a alta de 11% em novembro de acordo com dados mais recentes.
Para Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), as exportações no ano não vão alcançar o nível de US$ 256 bilhões. "Em média, o Brasil está exportando entre US$ 20 bilhões e US$ 22 bilhões por mês neste ano. Não fecha a conta", afirmou. A expectativa de Branco é de queda no valor de exportação em torno de 4% e 5% na comparação com 2011.
O economista lembrou ainda que é difícil traçar metas para comércio exterior. "É muito variável, sensível a crise e problemas econômicos", explicou.
Descartada no início de agosto, a meta inicial (US$ 264 bilhões) foi calculada na crença de que a Europa sairia mais cedo da crise e de que a China não seria tão afetada. "Mesmo com medidas de desoneração da folha e o Reintegra (programa de desoneração de exportações), o resultado do comércio exterior não é uma questão só do Brasil, mas de recuperação internacional", justificou, à época, o secretário-executivo do Mdic, Alessandro Teixeira.
Em um cenário negativo, como o constatado neste ano, o governo teve que abandonar a meta, devido a condições externas e internas, como queda na produção, avaliou o economista da Funcex. "O aumento nas exportações de grãos causado pela seca nos Estados Unidos não foi suficiente para compensar as perdas em petróleo e minério de ferro", afirmou.
Sobre a tendência de que a China termine o ano como o principal fornecedor do Brasil, Branco destacou o déficit de aproximadamente US$ 750 milhões com o país asiático em outubro. "Antes havia sempre aumento nas compras de produtos brasileiros pela China. Mas agora há uma reversão nisso. Há uma desaceleração das compras da China, que são principalmente itens básicos e intermediários, como minério de ferro, grãos e petróleo." No outro lado, o Brasil segue importando mais da China e a lista de mercadorias trazidas de lá continua variada.

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