BC promoverá forte alta nos juros em 2013, diz banco

Lucas Bombana   (lbombana@brasileconomico.com.br)
26/11/12 13:30


Para o BNP Paribas, o mercado de trabalho aquecido, os preços de alimentos e o "inevitável" reajuste na gasolina farão o IPCA rodar em torno de 6,5% no quarto trimestre do ano que vem.
O economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, reconheceu que as projeções de sua instituição se distanciam significativamente do consenso observado no mercado local.
No boletim Focus desta segunda (26/11), por exemplo, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) projetam a Selic em 7,25% ao final do ano que vem, com uma inflação em 5,40%.
No entanto, o especialista destacou também que, no início deste ano, quando o BNP projetava o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país ao redor de 2% neste ano, era taxado de pessimista.
"Claramente o pior já ficou para trás", disse Carvalho, durante coletiva online realizada com a imprensa nesta segunda-feira (26/11).
A expectativa do BNP por uma retomada mais forte no nível da atividade doméstica no próximo ano, na comparação com os pares de mercado, é uma das razões para as estimativas do banco estrangeiro para juros e inflação fora do consenso.
Além disso, os investimentos, que devem ter retraído neste ano, terão um aumento na casa dos 10% no período seguinte, segundo o BNP, o que também dará sua parcela de contribuição para a melhora da atividade.
A economia brasileira terá um crescimento de 5,5% em 2013, segundo os cálculos do BNP. Já o Focus aponta para uma expansão bem mais modesta, de 3,94%.
Na semana passada a Fundação Getulio Vargas (FGV) também divulgou sua previsão para o desempenho da economia doméstica no ano que vem, e disse que, em seu cenário mais otimista, o crescimento deverá atingir 3,2%.
Para Carvalho, as medidas de estímulo anunciadas pelo governo neste ano, somadas à redução da taxa Selic, terão um efeito de carrego durante 2013 que irá beneficiar o desempenho da nossa atividade.
"Há uma recuperação a caminho, talvez mais forte, olhando para o ano que vem, do que as pessoas imaginam", ponderou o economista-chefe do BNP.
"A inflação será um problema maior do que as pessoas imaginam, e a gente teme que pode bater o teto de tolerância de 6,5%", acrescentou.
Nesse contexto de alta nos preços, o BNP prevê que, em algum momento do ano que vem, o BC irá iniciar o ciclo de aperto monetário, que levará a taxa básica de juros dos atuais 7,25% para 9% até dezembro de 2013.
"O próximo movimento nos juros é para cima. O ciclo de afrouxamento já chegou ao fim".
O mercado de trabalho brasileiro aquecido, com elevações nos salários, é outro ponto apontado pelo especialista para justificar sua projeção da Selic em 9%.
"A pressão sobre salário e inflação parece muito provável na nossa avaliação".
O reajuste da gasolina também deve influenciar na decisão da política monetária, lembrou Carvalho, uma vez que o preço da gasolina no país está abaixo dos gastos da Petrobras no exterior.

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