Cai exportação do Brasil ao Egito

RedacaoT1
Foto: Felipe Dupouy
A instabilidade política no Egito provocou um declínio das exportações brasileiras ao país árabe nos três últimos meses.
Carnes, cereais e principalmente açúcar foram os produtos que mais sofreram contração da demanda egípcia, que caiu 35% entre maio e julho na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
O aumento nos custos de seguros e frete e a atividade menor dos importadores ajudam a explicar o recuo. Nos primeiros quatro meses do ano, a demanda repetiu a de 2012, com queda de apenas 0,5% no valor dos embarques.
Tudo indica que situação no país continuará caótica por algum tempo. Hoje estão previstos novos protestos de simpatizantes da Irmandade Muçulmana contra a deposição do presidente Mohamed Mursi.
Outro fator que pode agravar a instabilidade é a volta à cena política do ex-ditador Hosni Mubarak, que ontem saiu da cadeia e foi posto em prisão domiciliar.

Em julho, mês em que Mursi foi deposto pelas Forças Armadas egípcias, as exportações brasileiras caíram pela metade e não passaram de US$ 129 milhões em 2013, ante US$ 269 milhões em igual mês de 2012.
Nos últimos três meses, o Brasil embarcou U$$ 443 milhões ao Egito. Mantivesse o ritmo do ano passado, o total teria sido de US$ 673 milhões.
O recuo mais significativo foi sentido pelos exportadores de açúcar, principal item da pauta no período, que no mesmo trimestre do ano passado venderam US$ 226 milhões.
Neste ano, o total não chegou a US$ 86 milhões, enquanto a demanda por carnes passou de US$ 209 milhões para US$ 183 milhões.
A importância do Egito para a estratégia comercial brasileira no Oriente Médio e no norte da África é destacada pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
“O Egito é um grande comprador de alimentos produzidos no Brasil, especialmente carne e açúcar. Além de estrategicamente colocado em um local carente desses produtos, o país é um polo irradiador para as empresas brasileiras se instalarem em outros locais perto”, afirma.
No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,7 bilhões ao Egito. Ele prevê que até que a situação seja estabilizada, os embarques seguirão diminuindo em relação ao ano passado.
Em 2010, o Brasil assinou acordo de livre comércio com os egípcios, que segue aguardando ratificação no Congresso brasileiro.
Fonte: Valor Econômico, Por Rodrigo Pedroso