Dólar vira e termina em queda de 0,65% ante real

Brasil Econômico - 27/08/2013
Dólar vira e termina em queda de 0,65% ante realDivisa foi derrubada por fluxos pontuais de entrada de capital e pelo plano de atuações do BC no mercado de câmbio.
Em mais um dia marcado por muito vaivém, o dólar fechou em queda ante o real, derrubado por fluxos pontuais de entrada de capital e pelo plano de atuações do Banco Central no mercado de câmbio, que tinham seu efeito ampliado pela forte volatilidade que tem acometido os mercados nos últimos dias.
O dólar perdeu 0,65%, para R$ 2,368 na venda, após chegar a subir mais de 1% na máxima do dia. 
"Uns falam que houve entrada de (investidores) estrangeiros, outros falam que a atuação do Banco Central começou a fazer efeito. Aparentemente, tem muito mais aspectos técnicos do que notíciário por trás dessa queda do dólar", afirmou o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.
Ele referia-se ao plano de intervenção do BC nos mercados de câmbio anunciado na semana passada. Com o objetivo de "prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado", a autoridade monetária informou que vai atuar diariamente por meio de swaps cambiais tradicionais -equivalente a venda de dólares no mercado futuro-e leilões de linha até, pelo menos, 31 de dezembro.

Durante a manhã, no entanto, a divisa registrou forte alta, diante do ambiente de aversão global ao risco provocado por temores de ataque iminente dos Estados Unidos e aliados à Síria, levando alguns analistas a dizer que a autoridade monetária poderia ser forçada a elevar o grau de intervenção no mercado para fazer frente a esse cenário.
"Com certeza (o programa do BC) está longe de ter eliminado as fortes variações que (o dólar) estava tendo. O cenário continua bastante preocupante e talvez o BC tenha que fazer mais leilões além dos programados", afirmou o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
Nesta terça-feira, o BC vendeu 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 2 de dezembro de 2013, como parte de seu plano de intervenções, cujo potencial é de 60 bilhões de dólares. Entre segunda e quinta-feiras, o BC ofertará 10 mil contratos de swap por dia e, nas sexta-feiras, ele fará leilão de venda no mercado à vista com compromisso de recompra no valor de US$ 1 bilhão.
À tarde, o BC anunciou ainda para quarta-feira a próxima etapa de seu programa de intervenções, ofertando 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 2 de dezembro de 2013. O leilão ocorrerá entre as 9h30 e as 9h40 e o resultado será divulgado a partir das 9h50.
Além disso, a autoridade monetária divulgou, com bastante antecedência, um cronograma para a rolagem de 135.300 contratos que de swap que vencem em 1º de outubro deste ano.
As ofertas serão realizadas nos dia 16, 17 e 18 de setembro, coincidindo com as datas da reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano, marcada para 17 e 18 de setembro e na qual investidores acreditam que o Fed poderá decidir reduzir suas compras mensais de títulos.
É justamente a preocupação com o futuro da política monetária dos EUA que desencadeou o processo de valorização internacional do dólar nas últimas semanas.
Desde maio, quando integrantes do Fed começaram a sinalizar que a redução do estímulo monetário no país deve vir em breve, o BC brasileiro vendeu o equivalente a US$ 51,735 bilhões em swaps cambiais. Em comparação, durante a crise financeira de 2008 e 2009, a autoridade monetária vendeu o equivalente US$ 33 bilhões nesses instrumentos.
Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, a medida do BC deve ser suficiente para manter o câmbio perto dos níveis atuais. As declarações do estrategista espelham a opinião de diversos analistas, que vêm citando que o patamar de RS$ 2,40 é um teto técnico importante.