Efeito do dólar na inflação preocupa, diz Coutinho

Autor(es): Vinícius Neder
O Estado de S. Paulo - 23/08/2013

Apesar da rápida e forte alta do dólar, as cotações tendem a se estabilizar em algum momento e será melhor que fiquem abaixo do patamar atual. A avaliação foi feita ontem pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que considera mais sustentável para a economia o dólar num patamar entre R$ 2,20 e R$ 2,35. Ontem, o dólar fechou a R$ 2,438, alta de 0,08%.

Diferentemente do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que afirmou na terça-feira que o nível atual do dólar é "ótimo" para a economia, Coutinho demonstrou preocupação com a inflação, uma "sequela" da desvalorização cambial.

"Para o exportador, precisamos pensar no câmbio real. Precisamos pensar no câmbio e nas sequelas da inflação", afirmou Coutinho, após participar do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio.

Segundo ele, a atual alta na taxa nominal de câmbio pode ser "episódica" e "há um componente de overshooting (alta forte e acelerada) nos movimentos recentes", mas não estamos vivendo uma crise cambial.

"Se o câmbio estabilizar num nível um pouco mais baixo, ele é mais sustentável em termos de ganhos de médio e longo prazo. Se estabilizar entre R$ 2,20 e R$ 2,35, é mais fácil de se tornar sustentável. Temos que levar em conta as sequelas inflacionárias associadas", disse.

Coutinho reforçou a sua confiança no trabalho do Banco Central (BC) para evitar essas sequelas: "Confio plenamente na capacidade do BC de, com o mínimo de esforço, conseguir o resultado de estabilização e de recuo da inflação". Passada a alta mais acentuada nesse momento de mudança nos fluxos de capitais globais, o ciclo de desvalorização do real frente ao dólar pode gerar condições de competitividade para a economia nacional.