Noruegueses vêm ao Brasil para tentar vender mais que bacalhau

Autor(es): Vera Saavedra Durão | Do Rio
Valor Econômico - 18/02/2011

Em busca de oportunidades de negócios e joint ventures com empresas brasileiras, chegou ontem ao Brasil o ministro de Comércio e Indústria da Noruega, Trond Giske, comandando uma delegação de 140 executivos que representam cem empresas. "Essa é a maior delegação de negócios que um ministro de Comércio e Indústria jamais levou para outro país, dado o enorme interesse pelo Brasil", disse Giske. O ministro celebrou o fato de que em 2010, pela primeira vez em 170 anos, a Noruega exportou mais máquinas para o Brasil do que bacalhau.

A área prioritária de negócios para os noruegueses, segundo Gyske, é a de óleo e gás, seguida pelo setor marítimo e de navegação. Os noruegueses pretendem investir fortemente no pré-sal e estão buscando adquirir uma área de exploração nesses campos. Outra prioridade é investir em prestação de serviços também no pré-sal. "Hoje, 25% das embarcações especializadas em petróleo e gás no Brasil são norueguesas", ressaltou.

Ele disse que na comitiva que o acompanha estão também novas empresas de setores diversos, como grandes bancos, pequenas empresas de tecnologia de ponta, infraestrutura, e empresas de saneamento e de arquitetura, interessadas nos investimentos para a Copa do Mundo de futebol de 2014 e Olimpíada de 2016.

O investimento total feito até hoje pela Noruega no Brasil é estimado em US$ 25 bilhões, com destaque para as duas grandes empresas que aqui atuam: a Statoil, dona do campo de Peregrino, onde tem sociedade com a chinesa Sinochem, e a Hydro, gigante do alumínio. O ministro destacou que "o Brasil vai ser um destino interessante para o investimento de nosso fundo soberano".

O fundo soberano da Noruega, formado com dinheiro da exploração de petróleo, tem um caixa de US$ 400 bilhões. Em 2010, o fundo investiu US$ 4,5 bilhões no Brasil, comprando ações de empresas, e deve dobrar esse valor nos próximos dois anos.

Giske afirmou que o governo da Noruega está empenhado em fazer uma parceria com o governo brasileiro, não apenas em negócios, mas acertar cooperação nas áreas sociais, de educação e ambiental, como foi o caso da doação de US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia, visando preservar a floresta.

Para estreitar os laços entre os dois países, ele adiantou que nos próximos meses mais quatro ministros de gabinete estarão aterrissando no país, entre eles o do Ambiente, que chegará dentro de um mês, e o de Relações Exteriores. Ele citou a visita que Lula fez ao seu país em 2007 e a vinda aqui do primeiro-ministro Jens Stoltenberg em 2008.

Gyske deve permanecer no Brasil até segunda-feira. Hoje ele participa de seminário no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no qual pretende assinar um memorando de entendimento entre o banco e o Instituto Norueguês de Garantia para Créditos de Exportação (GIEK) para estreitar a cooperação entre as duas entidades. Também vai à Petrobras para um encontro com José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, e comparece à cerimônia do batismo da embarcação Siem Pendotiba, que vai operar para a Petrobras, tendo como madrinha a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Comparecerá ainda a um seminário de capacitação profissional na UFRJ.

No sábado, vai a São Paulo, seguindo para Santos, onde vai visitar a empresa norueguesa de perfuração ODFjell . No domingo, voa até Belém, para conhecer a Alunorte, em Barcarena, fábrica da Vale em sociedade com a Hydro. A Hydro está negociando o controle da Alunorte com a mineradora brasileira. Na segunda-feira, o ministro norueguês segue para Brasília. Lá tem audiências marcadas com Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes, e com Nelson Jobim, da pasta da Defesa. À noite, retorna à Noruega.