"O que você gostaria que fizéssemos?", pergunta chanceler

Valor Econômico - 06/03/2012

Depois de ter ouvido a chanceler Angela Merkel reclamar de protecionismo unilateral, a presidente Dilma Rousseff disse para a líder alemã, durante jantar, que o Brasil não tem outra alternativa diante da inundação de liquidez internacional, a não ser proteger seu mercado. Segundo o relato do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, Dilma criticou a inundação de liquidez, levando Merkel a perguntar: "O que você gostaria que nós fizéssemos?"

A presidente apontou três pontos, segundo o ministro: "Primeiro que esterilizem o quanto antes essa enxurrada de euros, que gera um problema enorme para nós, pois grande parte vai para especulação. Segundo, temos disposição de fazer uma boa parceria com a Alemanha, desde que haja reciprocidade, como investimentos. E terceiro, não temos como manter a situação, temos que tomar algumas medidas de proteção à moeda para proteger o mercado."

Merkel respondeu repetindo o que já vem dizendo desde a semana passada: que os efeitos da liquidez são para durar três anos, prazo das megaoperações do Banco Central Europeu de € 1 trilhão, dando tempo para a zona do euro fazer reformas, retomar o crescimento e melhorar a competitividade.

O essencial do jantar de trabalho abordou temas bilaterais, segundo o assessor internacional Marco Aurélio Garcia. Os dois ministros de Finanças vão se reunir para discutir sobre como superar o impasse num acordo para evitar bitributação.

Segundo Garcia, a frase de Merkel sobre protecionismo "foi um pequeno comentário que lá no jantar não persistiu". Por sua vez, Dilma não exemplificou que tipo de medida para proteger o mercado poderá adotar proximamente. O assessor elogiou o "entendimento" entre as duas líderes, que ele resumiu assim: "Uns transmitem umas opiniões e outros transmitem as outras, e se concorda que são temas relevantes."

Em discurso na feira de telecomunicações, a presidente brasileira anunciou que até dezembro o Programa Nacional de Banda Larga ativará uma rede de fibra óptica de 31 mil quilômetros, que chegará às capitais dos 27 Estados e cobrirá metade da população.

Confirmou que o governo licitará em maio as faixas para a implementação dos telefones móveis de quarta geração. E contratará ainda neste ano a construção de cabos ópticos submarinos para ligar o Brasil à América do Norte, Europa e África, que deve baratear o custo das conexões.

Segundo a presidente, em 2011 o Brasil foi o terceiro maior mercado de computadores pessoais do mundo e o quinto maior mercado de telefones celulares. "E pela primeira vez na história de meu país, mais da metade dos 190 milhões de brasileiros pertencem às classes médias", completou.

A expectativa em Hannover é de que o setor de telecomunicações globalmente tenha crescimento de 4% neste ano, sobretudo graças aos emergentes. Eric Schmidt, presidente da Google, apresentou um cenário do futuro, incluindo automóveis sem motoristas e computadores com sensores para identificar doenças.

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