ICBC recebe sinal verde para atuar no Brasil

Valor Econômico - 17/08/2012
Por Filipe Pacheco | De São Paulo

Depois de um ano e quatro meses de espera, o maior banco da China em valor de mercado recebeu o aval da presidente Dilma Rousseff para iniciar suas operações no Brasil.

Com capital inicial previsto de R$ 100 milhões - tímidos ante os US$ 2,6 trilhões em ativos declarados no fim de março - o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) deverá ocupar uma agência de 1.700 metros quadrados localizada na Avenida Brigadeiro Faria Lima, principal corredor financeiro de São Paulo. Nela, cerca de 45 funcionários devem tocar as operações do banco múltiplo focando principalmente em clientes corporativos chineses.

Um dos maiores bancos de varejo da China, por aqui o ICBC deve atuar principalmente na concessão de empréstimos e prestação de serviços financeiros a empresas chinesas. Hoje o único banco chinês em operação no país é o Bank of China, mas suas atividades no Brasil ainda são tímidas em relação ao porte da instituição.

Antes de abrir as portas de sua primeira agência na América Latina, o ICBC tem de encaminhar ao BC seus estatutos, depositar o valor dos R$ 100 milhões anunciado em abril do ano passado como capital inicial (por meio da aquisição de títulos federais) e formalizar o nome dos membros de sua diretoria. O ICBC é de controle estatal.

Essa documentação já está pronta e deve ser entregue ao BC nos próximos dias - o escritório de advogados Tozzini Freire Advogados tem assessorado o ingresso do banco chinês no país. O futuro presidente da unidade brasileira, Victor Zhao, já está em São Paulo, e uma equipe de cerca de 15 funcionários da matriz vieram ao país para treinar os colegas locais.

"O ICBC deverá emprestar principalmente para as empresas chinesas interessadas em investir em áreas importantes para a economia brasileira hoje, como infraestrutura e tecnologia", diz Hsia Sheng, professor de Finanças e coordenador do centro de estudos de negócios internacionais da FGV. "Eles já são uma instituição tradicional por lá, e poderão prestar serviços a clientes chineses que seriam desconhecidos para bancos brasileiros."

Em agosto passado o ICBC pagou US$ 600 milhões por 80% da unidade do Standard Bank na Argentina, sendo que em março de 2008 já havia se tornado o sócio majoritário da matriz do Standard. Comprou, por US$ 5,4 bilhões, 20% do banco sul-africano que opera no Brasil como banco de investimento. Ainda não está claro se haverá mudança do perfil de atuação do Standard no Brasil.

Assim como outros segmentos da economia chinesa, os números do ICBC são superlativos. Maior instituição financeira da China e do mundo em valor de mercado - US$ 206,3 bilhões na bolsa de Xangai - o banco contava com cerca de 259 milhões de clientes pessoa física e 4,12 milhões corporativos no fim de 2010. Na época, mantinha 16,2 mil agências em território chinês e 203 subsidiárias em 28 países. A unidade brasileira será a segunda do banco nas Américas - hoje tem operações apenas nos Estados Unidos, com agências em Nova York e Chicago.

No primeiro semestre, um dos principais concorrentes do ICBC na China, o China Construction Bank (CCB), também de controle estatal, teria tentado ingressar no Brasil por meio da compra da unidade local do alemão West LB. No fim, a operação foi adquirida pelo japonês Mizuho.

(Colaboraram Azelma Rodrigues e Murilo Rodrigues Alves)

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