Juros caem na BM&F e dólar avança

Autor(es): Por João José Oliveira e Eduardo Campos | De São Paulo
Valor Econômico - 03/08/2012



Os juros negociados nos mercados futuros recuaram pela quarta sessão seguida, pressionados pela frustração dos investidores com a inércia do Banco Central Europeu (BCE) e pelo ritmo lento da retomada da atividade doméstica. O contrato com vencimento em janeiro de 2014 (DI janeiro/2014), de maior giro, recuou para 7,73% ante 7,76% após ajuste. O volume de negócios foi 40% abaixo da média deste ano, reflexo da cautela dos agentes financeiros.
No cenário externo, as incertezas relacionadas às economias europeias permaneceram depois que o BCE encerrou o encontro de política monetária sem lançar nenhuma nova medida. Os operadores procuraram então no ambiente doméstico sinais que permitissem antecipar mais claramente o próximo passo do Banco Central (BC). Mas os últimos indicadores mantiveram a avaliação de que a economia brasileira ainda patina.
Em relatório enviado a clientes, o Itaú Unibanco destacou que "os dados [da produção industrial divulgados pelo IBGE ontem]
reforçam que a retomada da economia no segundo trimestre ocorreu de forma bastante gradual e elevam a chance de crescimento no segundo trimestre abaixo da estimativa de 0,6%".
A FGV divulgou o dado de Confiança no Comércio, que caiu 3,4% em julho ante o mesmo mês do ano passado. E o indicador Serasa Experian de Perspectiva do Crédito ao Consumidor apontou queda de 0,1% em junho. Para a empresa, crescimento mais vigoroso do crédito só em 2013.
A combinação de ambiente externo pessimista com a lenta retomada local reforçou apostas de que o Banco Central vai prolongar o afrouxamento monetário. Ganhou espaço a estimativa de Selic de 7% este ano ante os 8% atuais.
O Tesouro colocou R$ 1,53 bilhão em Letras do Tesouro Nacional (LTN, prefixadas), distribuídas em 1,9 milhão de títulos com prazos de 14, 23 e 41 meses. As taxas subiram em todas os vencimentos. Nos papéis mais curtos, a taxa de corte subiu de 7,2980% apurada no leilão de 26 de julho para 7,55%.
O mercado de câmbio teve um pregão de baixo volume de negócios e limitada oscilação de preços. O dólar comercial repetiu o sinal externo, mas apenas recuperou a queda de quarta-feira, ao subir 0,24%, para R$ 2,05.
Segundo um economista, o uso do poder normativo para segurar os preços do dólar ante o real, afasta o mercado do regime de câmbio flutuante e tem inibido as transações. Se a conduta do governo fosse de atuações dentro das "regras do mercado", o especialista acredita que o real certamente estaria mais apreciado. Mas como a autoridade monetária apelou para mudanças tempestivas de postura, cada vez menos gente quer se aventurar, avalia o especialista.

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