Brasil recusa pressão de EUA para abrir mercado

Autor(es): Agência O globo:Eliane Oliveira
O Globo - 17/02/2011

BRASÍLIA. A poucas semanas da visita do presidente americano Barack Obama ao país, prevista para 19 e 20 de março, brasileiros e americanos protagonizam nova batalha na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciada na segunda-feira em Genebra, sede da entidade. Com apoio de Canadá, Austrália, União Europeia e Japão, os Estados Unidos passaram a pressionar a delegação brasileira, exigindo uma oferta melhor de abertura do mercado em serviços e produtos industrializados, nos debates sobre o relançamento da Rodada de Doha. O Brasil, que conta com o respaldo da Índia e de outros países emergentes, rejeitou a cobrança.

A delegação brasileira argumentou que os países ricos estão desesperados para reativar suas economias e que as nações em desenvolvimento não podem fazer concessões a qualquer custo para satisfazê-los. Segundo funcionários do governo brasileiro, as reivindicações são absurdas.

Acenando exclusivamente com o corte de subsídios domésticos e dizendo que não podem mais reduzir tarifas de importação sobre produtos agropecuários, com destaque para carnes e açúcar, os EUA querem introduzir no mercado brasileiro, livremente, químicos, máquinas industriais, equipamentos hospitalares e serviços em geral. Isso seria um duro golpe para diversos segmentos industriais brasileiros já debilitados pelo real valorizado e pela concorrência chinesa.

Fontes diplomáticas afirmam que o governo admite uma concessão se os EUA melhorarem sua oferta em relação a 2008. Revelam, porém, que a contrapartida de redução de subsídios chega a ser "irritante". Isso porque, quando os preços das commodities agropecuárias sobem, naturalmente as subvenções do Tesouro americano diminuem.