Folha de S. Paulo - 01/08/2012
DIMMI AMORA
O governo federal cedeu a reivindicações dos caminhoneiros, que decidiram ontem à noite suspender bloqueios em estradas que paralisavam o transporte de mercadorias pelo país.
O desbloqueio começaria ainda na noite de ontem e deve ser concluído ao longo da manhã de hoje, disse o líder do movimento, Nélio Botelho.
À noite, após o anúncio, ainda havia bloqueios em estradas de seis Estados.
O acordo foi firmado após duas reuniões conduzidas pelo ministro dos Transportes, Paulo Passos, que duraram quase oito horas.
Os caminhoneiros estavam divididos em dois grupos, um que liderava a greve e outro contrário à paralisação.
O governo cedeu em três pontos da pauta de reivindicação dos dois grupos, que tinha 12 itens, e acenou com a possibilidade de flexibilizar a lei que passou a regulamentar a carga horária.
Pela nova lei, que já entrou em vigor, os caminhoneiros têm que ter um descanso de 30 minutos a cada quatro horas e um descanso diário de 11 horas contínuas.
Os representantes dos dois grupos são contrários a esse formato, apesar de defenderem uma regulamentação. Para eles, há problemas operacionais, como a falta de pontos de paradas.
Para acabar com a greve, o governo decidiu dar mais 30 dias de fiscalização educativa (ou seja, sem cobrar multas) em relação à jornada.
Nesse período, será aberta uma mesa de negociação entre representantes dos governos e dos trabalhadores para discutir propostas.
O ministro disse que o governo vai ouvir as propostas e, se for o caso, pode fazer alterações na legislação.
"Estamos falando de evitar que o caminhoneiro seja submetido a uma carga horária indevida. Mas todos os aspectos que digam respeito à lei e sejam cabíveis de exame serão discutidos. A mesa está aberta a discutir todos os temas que afetem a categoria."
Segundo Botelho, o ideal seria que os caminhoneiros que transportam em grandes distância tenham uma jornada diferente dos demais.
Diumar Bueno, que representa os caminhoneiros contrários à greve, disse que é importante ter uma jornada regular, mas que é necessário adaptações em relação ao período de descanso.
"Não tem como um caminhoneiro no inverno no Sul ficar 11 horas dentro do caminhão parado, por causa do frio", disse Bueno.
Os outros dois pontos que o governo atendeu foram: a suspensão de novos registros para transportadores e a igualdade de condições entre pequenos e grandes transportadores na hora de fazer o registro eletrônico do pagamento dos fretes.
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