"Brasil não tem negócios com o mundo"

Autor(es): Por Letícia Casado | De São Paulo
Valor Econômico - 14/12/2012


Thrane, da DHL, fala sobre a forte presença de insumos na exportação do país: "Ser forte em commodities é ótimo, mas também é ótimo ser forte em outras áreas."
O Brasil precisa se tornar um ator importante no comércio mundial. Essa é a principal conclusão sobre o país tirada de uma pesquisa feita pela empresa de entregas expressas DHL Express, segundo o principal executivo da multinacional alemã no Brasil, Joakim Thrane.
"Um dos motivos que o Brasil não sente o impacto mundial [da crise] é que o país não tem negócios com o mundo", diz Thrane. Segundo ele, o comércio exterior representa em torno de 10% do PIB brasileiro, sendo que na China gira em torno de 50%.
O estudo avaliou diversos dados econômicos - de comércio de mercadorias a ligações telefônicas internacionais per capita - de 140 países para fazer um retrato de como estão inseridos no contexto internacional. Na colocação geral, o Brasil ficou em 77º lugar, cinco posições atrás do posto que ocupava em 2010.
O resultado colocou o país atrás dos outros Bric: a Rússia ficou em 68º e a Índia em 62º (ambos caíram duas posições); a China ficou em 73º (estava em 74º).
Um indicador da pesquisa mostra o quanto representa o comércio exterior na economia de cada país, levando em conta o fluxo de importações e exportações de mercadorias e serviços em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Nesse quesito, o Brasil ficou em 130º lugar entre os 140 avaliados. Este dado é o que mais chamou a atenção de Thrane em relação ao país: pode ser considerado o pior, mas também pode ser uma "oportunidade", diz ele.
A receita, afirma, é aumentar investimentos e diminuir a dependência de commodities. "[Basear aexportação em matéria-prima] É uma posição boa, mas no fim do dia você está na mão do comprador. Ser forte em commodities é ótimo, mas também é ótimo ser forte em outras áreas."
O executivo diz que as operações da DHL Express no Brasil estão crescendo. A receita deve subir "dois dígitos" este ano e acima dos "de dois dígitos" de 2011. Para 2013, as expectativas são "boas"; o começo do ano deve ser lento, mas o ritmo deve aumentar no segundo trimestre, "e isso não só no Brasil, mas no mundo". "Como sabemos, o primeiro semestre no Brasil é sempre um pouco mais devagar", diz Thrane. "Muitas empresas estão enxugando a estrutura e segurando investimentos. Então, até que isso seja resolvido, vamos ver um pouco de lentidão." O ponto positivo é que o país continua atraindo "empresas de fora, atrás de oportunidades."

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