BC amplia para 5 anos o pagamento antecipado a exportador

Autor(es): Cristiane Bonfanti
O Globo - 05/12/2012


Analistas veem tentativa de segurar o câmbio. Dólar recua a R$ 2,116
BRASÍLIA e SÃO PAULO O Banco Central (BC) recuou em uma das medidas macroprudenciais anunciadas em março e ampliou ontem, de um para cinco anos, o prazo para o pagamento antecipado a exportadores, modalidade isenta de taxação. Em março, a autoridade monetária havia determinado que quem quisesse receber antecipadamente por suas vendas teria de enviar os produtos para o exterior em até um ano. À época, além de limitar o período das operações, antes sem prazo definido, o BC determinara que fossem feitas apenas por companhias sediadas no exterior que compram os produtos brasileiros. A justificativa era evitar o "tsunami monetário", ou entrada excessiva de dólares no país.
Em junho, houve o primeiro recuo. Diante do fluxo negativo do comércio exterior, o BC permitiu a retomada do pagamento antecipado, uma espécie de linha de capital de giro para financiar as exportações. Agora, para aumentar a entrada de dólares e amenizar a pressão sobre o câmbio, o governo aumentou o prazo.
Operações acima desse prazo continuarão pagando alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cobrada sobre captação de empréstimos no exterior. Oficialmente, o BC informou que "há uma demanda dos exportadores por operações de financiamento de exportação mais longas".
José Luís Oreiro, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), avaliou que, na prática, o BC busca desvalorizar o câmbio. Apesar de a equipe econômica negar uma intervenção, o governo tem mantido uma banda informal entre R$ 2 e R$ 2,10.
- Há uma percepção dentro do governo de que o real tem de se desvalorizar mais frente ao dólar, e as medidas do Banco Central são no sentido de produzir esse tipo de desvalorização - disse Oreiro, ressaltando, porém, esperar impacto limitado dessa medida, por não afetar a rentabilidade dos exportadores.
Em São Paulo, o dólar comercial encerrou ontem em queda, mas ainda no patamar de R$ 2,11. A moeda americana recuou 0,18%, a R$ 2,116. No ano, acumula alta de 13,25%. Para analistas, o mercado refletiu o anúncio do BC.
- O governo corrigiu uma distorção das medidas macroprudenciais, anunciadas em março passado, para evitar o esperado "tsunami cambial", que poderia valorizar o real. Com essa medida, amplia-se a liquidez no mercado de câmbio, já que mais dólares devem entrar no país - disse João Medeiros, sócio da corretora Pioneer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!