Dólar tem maior série de altas desde 2008

Brasil Econômico - 06/08/2012
MOVIMENTO É ATRIBUÍDO À POSTURA DO BC DE INTERVIR (OU AMEAÇAR) COM MOEDA ABAIXO DESTE NÍVEL
Dólar tem maior série de altas desde 2008
Priscila Dadona 

A estratégia do governo de segurar o dólar acima de R$ 2,00 pelo maior tempo possível para ajudar a indústria está funcionando. A moeda está se mantendo acima deste patamar pelo quarto mês consecutivo neste ano, a maior sequência em que mantém este preço desde o período de outubro de 2008 a maio de 2009, ápice da crise do subprime.

E, se depender da postura tanto do ministro da Fazenda, Guido Mantega, quanto dos diretores do BC - que cada vez que a divisa ameaça cair abaixo deste nível intervêm ou ameaçam intervir - a série de meses com o dólar acima de R$ 2,00 pode até aumentar até o final do ano.

Flávio Serrano, economista sênior do BES Investimento, lembra que de novembro de 2011 a abril deste ano o BC começou a ser mais agressivo nas medidas cambiais, seja no mercado à vista ou no futuro (com leilões a termo ou swap), o que mudou o piso da moeda americana de R$ 1,80 para R$ 2,02. Depois, a crise internacional se intensificou e o governo foi obrigado a dar mais estímulos para manter o crescimento econômico, e usou o câmbio como ferramenta naquele momento. "A maior parte da explicação é esta postura", garante Serrano que acredita que, pelo balanço de pagamento, bom nível de reservas e saldo de entrada de recursos estrangeiros ao país, o dólar deveria estar menos valorizado ante o real. "Tem sem dúvida o componente externo, mas o risco de um colapso na Europa diminuiu. Ainda não está um espetáculo, mas o dólar não deveria estar neste patamar, já que nossa necessidade de financiamento externo está até negativa", afirma.

Para Homero Guizzo, economista da LCA, chega a ser emblemática a postura do BC e do Ministério da Fazenda de manterem a banda psicológica do dólar - entre R$ 2,02 e R$ 2,10 - na base do discurso. "A intervenção do BC e da Fazenda é determinante. Eles estão tão alinhados como há muito tempo não víamos em promover intervenção verbal". João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora, acredita que a mudança de comunicação da autoridade monetária com o mercado tem surtido efeito. "O mercado passou a respeitar R$ 2,00 como um piso."

Mantendo o nível Na sexta-feira, o dólar caiu 1,02%, frente ao real, mas manteve o patamar fechando a R$ 2,02 na venda. A notícia de que o mercado de trabalho nos EUA gerou 163 mil vagas animou os investidores, que voltaram a aceitar mais risco. Com Niviane Magalhães 

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