Freada global atinge demanda por importações

Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 24/06/2013

Nos EUA, o crescimento econômico continua mas em ritmo moderado, nos grandes emergentes a expansão perdeu seu vigor e grande parte da Europa está de novo em recessão, destacou ontem o diretor-geral do Banco Internacional de Compensações (BIS), Jaime Caruana, na assembleia geral de bancos centrais, em Basileia (Suíça).
Pelo momento, a Organização Mundial do Comércio (OMC) aposta em expansão de 3,3% do comercio mundial em volume para 2013 ante 2% no ano passado. As importações dos países desenvolvidos cresceriam 1,4% e as dos emergentes, 5,9%, também em ligeira alta em relação ao ano passado.
Mas analistas notam que, embora a expectativa seja de mais importações no segundo semestre, a tendência dos últimos trimestres tem sido mesmo de persistente fragilidade na demanda, principalmente nas economias desenvolvidas.

Isso tem afetado a dinâmica da produção industrial e das exportações de economias emergentes. Na semana passada, o Deutsche Bank rebaixou suas projeções de crescimento econômico para o mundo em desenvolvido como um todo em 0,6%. As maiores degradações atingiram a Índia (para 5,5%, corte de 1,4 ponto percentual), Rússia (para 2,8%, corte de 1,5 ponto), Brasil (para 2,4%, corte de 0,9 ponto) e China (para 7,9%, corte de 0,3 ponto).
Por sua vez, as taxas de utilização de capacidade têm ficado abaixo da média, no cenário de investimentos ainda elevados e demanda fraca. Igualmente, as taxas de desemprego nos EUA e sobretudo na União Europeia continuam em níveis recordes.
Nesse cenário, o banco Barclays faz estimativas de "output gap" (a diferença entre o nível do PIB corrente e o seu nível potencial), que continuam significativamente negativa para boa parte dos países. Calcula que esse diferencial é de -2,2% nos EUA e -2,4% no Reino Unido. Entre os emergentes, o maior diferencial é no Brasil e na Rússia, de -1,4%.
O PIB da economia mundial estaria crescendo 1,1% abaixo de seu potencial, o que explica em parte as baixas pressões inflacionárias. A inflação está baixa nos EUA e na Europa. A taxa diverge em emergentes, com tendência de queda em Índia, Turquia e na China, mas de alta na África do Sul e mantém-se firme no Brasil.
O déficit comercial dos EUA é previsto para diminuir US$ 124 bilhões - dos US$ 535 bilhões do ano passado para US$ 411 bilhões este ano. Por sua vez, a União Europeia deve ter superávit, projetado para US$ 29 bilhões. Na periferia europeia, as exportações são o único motor de crescimento, refletindo o recuo das importações e a melhora na competitividade. A demanda doméstica em Portugal, Espanha, Itália e outros deve continuar sofrendo contração, pelo menos até o fim do ano, para talvez se estabilizar em 2014.
Quanto ao dólar americano, principal moeda do comércio global, desde julho de 2011 valorizou-se 10% em relação a outras divisas importantes e 7% em relação a uma cesta ampla de moedas. O Deutsche Bank projeta ganho adicional de 20% para os próximos três anos.