CADEIA TÊXTIL AINDA VENDE POUCO AO EXTERIOR

Os números da balança comercial brasileira mostram que a indústria têxtil continua comprando mais do que vendendo. Entre janeiro e agosto deste ano, o setor teve um déficit de US$ 2,18 bilhões na sua balança comercial. Em relação a igual período de 2009, o saldo negativo apresentou expansão de 17%.

Em termos de volume, nos primeiros oito meses do ano o setor importou 766,3 mil toneladas, ante 531,6 mil toneladas registradas em igual período de 2009, o que representa um aumento de 44,15%. Já as vendas externas, em igual período, somaram 173,1 mil toneladas, 9,31% menos que as 189,2 mil toneladas vendidas entre janeiro e agosto do ano passado. Para 2010, o setor prevê um déficit de US$ 3,5 bilhões.

Vilões - De acordo com diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, a valorização do real frente ao dólar tem sido a grande vilã do setor. Ela potencializaria os problemas que afetam a competitividade - como a forte carga tributária e burocrática, os juros altos e os elevados custos para se contratar.

A esse grupo de fatores teria se somado, mais recentemente, os incentivos fiscais ilegais envolvendo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) concedidos por alguns estados que querem aumentar o movimento de seus portos.

"Chegamos a uma situação absurda em que cada estado faz sua própria política de comércio exterior, beneficiando como nunca a entrada de produtos importados", criticou. De acordo com Pimentel, o porto de Itajaí (SC) é atualmente o maior "recebedor" de produtos têxteis e de confecção provenientes do exterior.

Em termos de volume, entre janeiro a agosto deste ano houve uma expansão de 121%: foram 241 mil toneladas, ante 109 mil toneladas registradas em igual período de 2009.

Desindustrialização - Segundo Pimentel, a intensificação dessa manobra tributária decorrente da guerra fiscal entre os estados foi levada ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) por representantes do setor. "É uma guerra prejudicial ao País e que gera insegurança jurídica", completou, ao afirmar que o Brasil está caminhando para uma "desindustrialização" se medidas não forem tomadas no próximo governo.

Os departamentos jurídicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de outras entidades representativas do setor industrial estão analisando a legalidade desses incentivos - que ganham a forma de parcelamentos ou descontos no pagamento da alíquota do ICMS - para que seja feita sua contestação judicial.

De acordo com dados divulgados pela Abit, nos oito primeiros meses do ano China, Índia, Indonésia, Estados Unidos, Argentina, Coreia do Sul, Taiwan, Alemanha, Tailândia e Bangladesh foram os mercados dos quais o Brasil mais importou produtos têxteis.

No sentido inverso, as vendas externas se concentraram em Argentina, EUA, Indonésia, Coreia do Sul, China, Paraguai, México, Uruguai, Turquia e Chile.

Fonte: Diário do Comércio