Ministro minimiza reflexos inflacionários internos

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou ontem que a inflação dos alimentos deve arrefecer em 2011. Ao tentar descolar o setor rural da imagem de "vilão dos preços", Rossi admitiu que a inflação dos alimentos "gerou tensão" no ano passado. "A inflação foi real, pontual em alguns produtos e geral no mundo inteiro. Mas não houve descontrole nem saiu dos limites", disse. O IBGE calcula que os alimentos responderam por 40% do índice de preços ao consumidor (IPCA) em 2010. "Pontualmente, alguns preços saíram da margem por causa da forte demanda mundial por carne e o consumo interno de feijão", disse.

Para sustentar a previsão, Rossi disse ser menos positivo para os preços o cenário para a carne bovina e o feijão, duas das principais fontes de pressão sobre o IPCA no ano passado. "A arroba cai suavemente e há retração maior [de preços] em cortes mais nobres. O feijão estava a R$ 200 e hoje está a R$ 80 [a saca]", afirmou o ministro. "Daqui a pouco, vamos ter que ajudar o produtor porque os preços vão ficar abaixo do mínimo". Rossi lembrou que a alta nos preços da carne teve origem, há dois anos, no abate de matrizes causado pelas cotações em queda. Além disso, o atraso nas chuvas em 2010 limitou a oferta de boi gordo "de pasto", restando apenas animais de confinamento. "Havia uma oferta contida em um momento de grande expansão da demanda". Rossi afirmou ter recebido da presidente Dilma Rousseff a missão de "acompanhar de perto" o setor e disse que o setor foi "âncora do combate" à carestia na última década. "Os preços agrícolas ficaram abaixo do índice da inflação. E a presidente Dilma sabe do protagonismo da agricultura", disse.

Integra da reportagem: Valor Econômico