Produtores rurais argentinos protestam contra cotas de exportação

Manifestação deve prejudicar a comercialização de cereais e oleaginosas e faz reviver o conflito entre o campo e o governo, ocorrido no primeiro semestre de 2008

Começa nesta segunda, dia 17, e só termina no dia 24 o locaute dos agricultores da Argentina contra as políticas oficiais para as exportações de trigo, milho e soja. O protesto deve prejudicar a comercialização de cereais e oleaginosas e faz reviver o conflito entre o campo e o governo, ocorrido no primeiro semestre de 2008, que provocou desabastecimento e dividiu o país.

A briga entre a Casa Rosada e os produtores já dura cerca de cinco anos por causa das cotas de exportação e de elevadas alíquotas de impostos sobre as vendas externas. O governo argumenta que são medidas para garantir os alimentos na mesa dos argentinos a preços acessíveis. E segurar a inflação. Os representantes das entidades rurais, por sua vez, alegam que o sistema de cotas de exportação de trigo e milho levou os moageiros e os exportadores a pagar preços inferiores aos de mercado.

O principal argumento é que, ao eliminar a livre exportação, não há concorrência pelo trigo e os preços pagos ao produtor recuam. Os ruralistas querem que a presidente Cristina Kirchner libere as exportações e deixe o mercado livre, regulado por oferta e demanda.

– As intervenções do governo distorcem a formação de preços a cada colheita – reclamou o presidente da Sociedade Rural da Argentina, Hugo Biolcati.

No domingo, o ministro de Agricultura, Julián Domínguez, afirmou que está tomando medidas para garantir que os moageiros e exportadores paguem aos produtores locais os preços estabelecidos para o trigo.

Em entrevista ao jornal El Tiempo, Domínguez prometeu castigar quem estiver empurrando "o preço para baixo" e defendeu uma maior participação do Estado no comércio de grãos do país. O agronegócio movimenta cerca de US$ 9 bilhões por ano. O ministro sugeriu voltar ao modelo de Agência Federal de Grãos ou de uma Junta Nacional de Grãos, um organismo integrado pelas bolsas de comércio, Estado, e cooperativas, para dar garantias ao produtor sobre as operações no mercado.

A Argentina é o principal exportador mundial de óleo e farinha de soja e o terceiro maior fornecedor de grãos de soja. O país é o segundo na exportação mundial de milho, perdendo só para os Estados Unidos. O vizinho é ainda importante produtor de trigo e principal fornecedor do cereal para o mercado brasileiro. Na safra 2010/11, a Argentina representará 19,8% da produção global de soja e 12,8% das exportações totais da oleaginosa, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

FONTE: AGÊNCIA ESTADO