Déficit em conta corrente atinge US$ 5,676 bilhões em março

Valor Econômico - 27/04/2011

O déficit em transações correntes do balanço de pagamentos atingiu US$ 5,676 bilhões em março, uma cifra recorde para o mês. As remessas líquidas de lucros e dividendos responderam por US$ 3,71 bilhões. Em compensação, os investimentos estrangeiros diretos (IED) garantiram ingresso líquido de US$ 6,971 bilhões no país, volume igualmente recorde para março e mais do que o suficientes para financiar o saldo negativo daquelas transações (comércio, serviços, rendas).

No acumulado do ano e em doze meses, o fluxo de Investimentos Externos Diretos também registrou o melhor desempenho para iguais períodos desde o início da série apurada pelo Banco Central. No trimestre entraram US$ 17,47 bilhões e nos doze meses terminados em março, US$ 60,39 bilhões. Para abril, dados preliminares indicam ingresso de mais US$ 4,3 bilhões, US$ 4 bilhões já confirmados. Para os doze meses de 2011, o BC mantém, por enquanto, uma projeção um pouco menor para o IED, de US$ 55 bilhões. Mas o chefe do Departamento Econômico da instituição (Depec), Tulio Maciel, reconhece que os números do trimestre vieram melhor do que o esperado.

Ele atribuiu o interesse dos investidores estrangeiros ao crescimento da economia brasileira e de seu mercado consumidor. Isso também explica, por outro lado, o déficit do país em conta corrente. Crescimento econômico, lembrou ele, normalmente vem acompanhado de maior demanda por importação de bens de capital e de bens intermediários, o que impacta a conta de comércio e, consequentemente, a de transações correntes."O déficit mostra o dinamismo do atual ciclo da economia", afirmou.

No trimestre, essas transações geraram para o balanço de pagamentos do país saldo negativo de US$ 14,63 bilhões, quase o triplo do déficit de igual período de 2010 (US$ 5,94 bilhões). Naquele momento do ano passado, no entanto, a economia ainda estava saindo de uma fase de desaceleração gerada pela crise internacional. Medido em doze meses, o déficit corrente atingiu, em março, US$ 50 bilhões, o maior valor nominal da série. Como proporção do Produto Interno Bruto, no entanto, ficou em 2,33%, menor do que o verificado em novembro (2,38%). Além disso, também nos doze meses o déficit ficou abaixo do fluxo de IED.

Os gastos de março com pagamentos de lucros e dividendos ao exterior (US$ 3,71 bilhões) superaram o de igual período de 2010, que foram de US$ 2,5 bilhões. Na comparação dos trimestres também houve aumento, de US$ 4,58 bilhões para US$ 8,59 bilhões. Também aí existe influência do bom desempenho da economia, que propicia lucros às empresas instaladas no país, lembrou Túlio Maciel. O aumento dessa conta reflete também investimentos diretos que entraram anteriormente no país. Como o aumento desse tipo de capital, a tendência é que o Brasil remeta cada vez mais lucros e dividendos ao exterior.

No seu total, o balanço de pagamentos do país em março registrou superávit de US$ 9,530 bilhões, o que significa ingresso de capitais, entre eles IED, em volume superior ao necessário para compensar o déficit em transações correntes. Além de IED, houve também ingressos relativos, por exemplo, a investimentos em carteira (ações, títulos, etc). Nessa modalidade, a entrada líquida de recursos chegou a US$ 3,19 bilhões.

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