Para preço cair, gasolina tem menos álcool

Governo autoriza menos álcool na mistura para gasolina não subir

Autor(es): AGENCIA O GLOBO: Martha Beck, Luiza Damé e Monica Tavares
O Globo - 29/04/2011

De olho na especulação, ANP vai ficar responsável por regular mercado de etanol

BRASÍLIA. O governo deu ontem o primeiro passo numa política permanente para garantir o abastecimento de etanol no mercado e minimizar os impactos da entressafra da cana-de-açúcar nos preços dos combustíveis. Uma medida provisória (MP) que será publicada no Diário Oficial dá à Agência Nacional do Petróleo (ANP) o poder de regular os estoques de etanol no país. Além disso, o texto amplia a margem com a qual a equipe econômica pode trabalhar se tiver que mexer na mistura do álcool anidro na gasolina. Esse intervalo, que hoje varia entre 20% a 25%, passou para 18% a 25%.

Segundo técnicos da área econômica, a ideia no futuro é estabelecer uma regra pela qual o percentual sempre seja reduzido nos primeiros meses de cada ano, quando a oferta do produto cai em razão da entressafra. O novo intervalo torna a calibragem da mistura mais fácil e dá mais margem de manobra ao governo caso os preços do álcool disparem.

No caso da ANP, regular os estoques significará ter mais controle sobre o setor sucroalcooleiro e monitorar indicadores como níveis de produção, estoques e fluxo de comercialização das usinas. A agência será responsável pela comercialização, estocagem, exportação e importação de etanol. Para isso, o etanol ganhou o status de combustível.
Numa ação mais emergencial, o governo também estuda mexer imediatamente na mistura do álcool à gasolina em razão da disparada dos preços do etanol no mercado doméstico, que está pressionando a inflação. Neste caso, no entanto, o martelo ainda não foi batido. Como a entressafra da cana já está chegando ao fim, o etanol tende a cair ao longo das próximas semanas e reduzir as pressões sobre os combustíveis.
- Tudo vai depender do comportamento dos preços - disse um técnico, lembrando que, em alguns dias da semana passada, o álcool chegou a ficar mais caro que a gasolina nas refinarias.

Isso porque, além de estar praticamente sem reserva de etanol, as pequenas distribuidoras tiveram dificuldades de logística para entregar o produto. O comportamento, explicam os técnicos, também foi influenciado pelos feriados da Semana Santa, quando a maioria dos postos elevou pedidos. As distribuidoras, que não dispunham de álcool adicional, subiram preços.

Embora o governo costume alterar a mistura do álcool à gasolina para se preparar para a entressafra, a ação não faz parte de uma política. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que tem observado abusos nos preços dos combustíveis no país:

Há nove anos o preço da gasolina não tem aumento nas refinarias. Mas ela passa pelas distribuidoras, pelos postos, e o mercado é livre para estabelecer os preços.

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