Autor: Míriam Leitão
Fonte: O Globo - 07/04/2011
Alta dos juros
Remédio usado para conter inflação tem efeito colateral
O remédio amargo que o BC está usando para controlar a inflação tem efeitos colaterais. Faz aumentar, por exemplo, o gasto público, que é um dos problemas da inflação. Ou seja, essa ferramenta tem uma contradição dentro dela, mas é a arma que resta ao BC.
Ele pode também reduzir o espaço para o crédito ao consumo, como já fez no ano passado, por meio daquelas medidas macroprudenciais. Mesmo assim, a venda de carros em fevereiro cresceu mais de 20% em relação a fevereiro de 2009, quando havia incentivo fiscal. O dinheiro ficou mais caro, mas o brasileiro leva em conta se a parcela cabe no bolso, não o custo do dinheiro.
Temos a maior taxa real de juros do mundo, mas a taxa cobrada do consumidor é ainda maior. Apesar disso, o consumo, outro fator que pressiona a inflação, continua crescendo. Há outros motivos, como a alta das commodities e dos gastos do governo. Quando aumenta a Selic, o BC está tentando tirar uma das lenhas dessa fogueira.
A autoridade monetária tem de cumprir a meta de inflação, que está em 6%. Por isso, tem de subir juros, mas há os efeitos colaterais, como o aumento do gasto público e do custo do financiamento para empresas e consumidores. É um remédio amargo. E ficou claro na nota do BC que a alta não vai ficar por aí.
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