Dólar tem leva alta, mas fecha mês em queda de 0,6%

Brasil Econômico
Dólar tem leva alta, mas fecha mês em queda de 0,6%No início do pregão, o dólar operou em baixa e chegou a atingir R$ 1,9677 na mínima do dia.

O dólar fechou esta quinta-feira (28/2) com leve alta frente ao real, após operar perto do zero a zero durante a maior parte da sessão.

De olho nas incertezas do cenário externo, investidores preferiram manter as cotações dentro dos limites de uma banda cambial informal que parece ter sido imposta pelo governo.

A moeda americana fechou com alta de 0,22%, a R$ 1,9782 na venda, após registrar queda de 0,61% na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 2,425 bilhões.

No mês, o dólar recuou 0,59% ante a divisa brasileira, consolidando-se na faixa de R$ 1,95 e R$ 2 que o mercado acredita ser a nova banda cambial imposta pelo Banco Central (BC) para ajudar no combate à inflação.
"Isso é vontade do governo", disse o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. "Por enquanto, ele vai conseguir controlar isso, já que os bancos também estão vendidos".

Desde o fim de janeiro, o dólar recuou do nível de R$ 2, que à época era considerado pelo mercado como o piso informal definido pelo governo para a moeda, para patamares mais baixos, pressionado por intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

Analistas especulam que o movimento em direção a um real mais fortalecido tem como objetivo baratear produtos importados e conter pressões inflacionárias, embora o governo afirme que o câmbio não é ferramenta para lidar com os preços, e sim os juros.

A perspectiva de um dólar mais baixo para conter a inflação levou instituições financeiras a assumirem posições vendidas no mercado de câmbio, mesmo com o país registrando saída líquida de US$ 2,840 bilhões no mês até o dia 22 de fevereiro.

"Enquanto houver a percepção de que a inflação ameaça impor um teto para a taxa de câmbio, os bancos locais não devem se apressar para cobrir essa posição", escreveu a estrategista de câmbio da América Latina do RBS, Flavia Cattan-Naslausky, em relatório.

Analistas apontavam, no entanto, que a estabilidade da moeda americana nos patamares atuais deve ser auxiliada por uma reversão no fluxo cambial, que deve se tornar positivo com as safras de commodities agrícolas que começam em fevereiro e ganham fôlego nos meses seguintes.

"Normalmente, os grandes embarques só começam no fim de fevereiro", disse o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros. "É como dizem: o Brasil começa a trabalhar depois do Carnaval".

Além desses fatores, um cenário externo incerto conteve grandes variações nas cotações do dólar na sessão. Sinais de que o Federal Reserve, banco central americano, continuará injetando dólares na economia ajudaram na queda da moeda mais cedo na semana.

No entanto, dados de crescimento da maior economia do mundo decepcionaram o mercado. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos expandiu a uma taxa anual de 0,1% no quarto trimestre, informou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira, ante alta de 0,5% previsto por analistas em pesquisa da Reuters.

No início do pregão, o dólar operou em baixa e chegou a atingir R$ 1,9677 na mínima do dia, com investidores tentando pressionar para baixo a cotação da divisa antes da formação da Ptax de fevereiro, uma taxa média do dólar calculada pelo Banco Central que serve de referência para vários contratos de câmbio e derivativos. Após a divulgação da taxa, no entanto, a moeda anulou as perdas e passou a operar com leve variação positiva frente ao real.

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