Governo estuda medida que garante renda de portuários

Brasil Econômico
Governo estuda medida que garante renda de portuáriosMinistério do Trabalho estuda mecanismos de remuneração para quem está inativo, após pressão da categoria.

O governo estuda criar mecanismos para garantir a renda mínima para trabalhadores portuários, conforme determina a Convenção 137 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.

A reivindicação é antiga, mas os portuários aproveitaram a votação da MP dos portos para pressionar o governo a solucionar o problema, já que se trata de uma categoria avulsa, sem as proteções garantidas pela CLT, como seguro-desemprego ou aposentadoria.

"Estamos estudando para já esta solução. É uma coisa que deveria ter sido feita antes. Acontece que nem os trabalhadores se organizaram para isso nem o governo deu uma resposta. Nós temos a oportunidade agora para resolver a questão", disse a ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, em conversa com jornalistas, juntamente com o secretário de Portos, Leônidas Cristino.

De acordo com a ministra, técnicos do Ministério do Trabalho estudam uma fórmula para garantir o direito a uma renda mínima quando os portuários estiverem fora de atividade.

Também está em análise, no ministério da Previdência, a criação de uma alternativa que garanta a aposentadoria, outra reivindicação da categoria. Este tema, para a ministra, é mais delicado, tendo em vista que o regime brasileiro é contributivo e estes trabalhadores nem sempre contribuem.

Embora a MP 595, que trata da regulamentação dos portos, tenha mantido todos os itens trabalhistas exatamente como estavam na lei 8.630, a chamada lei de modernização dos portos, o governo quer negociar as reivindicações para que não haja atrasos na votação da matéria no Congresso. "O nosso objetivo é um jogo de ganha-ganha. Ganha o Brasil, ganham os trabalhadores, ganham os empresários. A nossa matemática é da soma", afirmou a ministra.

Competitividade

A ministra ressaltou que a MP dos portos integra os quatro eixos que vão destravar os gargalos impostos à logística no Brasil. Os outros três são rodovias, ferrovias e aeroportos, que já estão recebendo investimentos.

"Este é um tema importantíssimo para o Brasil. Se a gente conseguir fazer esta mudança e implantar tudo o que queremos vamos ter uma outra realidade daqui a 2 ou 3 anos no sistema portuário e na logística brasileira. Isso é fundamental para o desenvolvimento deste país", salientou.

De acordo com Gleisi Hoffmann, o grande objetivo é promover a competitividade do setor portuário e reduzir o custo Brasil. Levantamento feito no âmbito do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), mostra que a falta de concorrência e os entraves aos investimentos fazem dos portos brasileiros os mais caros do mundo.

O preço cobrado pela movimentação de contêineres é um exemplo. Enquanto o porto de Cingapura cobra US$ 197 por contêiner ou o de Roterdã, US$ 245, no porto de Santos o valor é US$ 360.

Os ministros observaram que há uma saturação de infraestrutura em alguns dos principais portos públicos brasileiros. A capacidade instalada dos portos públicos é de 370 milhões de toneladas.

Segundo o diagnóstico apresentado pelo secretário Leônidas, a capacidade estará completamente esgotada em 2015, quando se projeta movimentação de 373 milhões de toneladas. "Sem capacidade, a competição fica ainda mais comprometida", disse o ministro.