Silvio Berlusconi faz dólar subir ante demais divisas

Brasil Econômico
Silvio Berlusconi faz dólar subir ante demais divisasPossibilidade do retorno do ex-primeiro-ministro italiano ao poder influenciou até o desempenho da curva de juros futuros.

O mau humor que tomou conta do mercado financeiro nesta segunda-feira (25/2), depois que a boca de urna das eleições italianas apontaram a coalizão de Silvio Berlusconi com chances de assumir a maioria no Senado, fez o dólar inverter a tendência da manhã e encerrar o pregão em alta.

Ante o real, a moeda americana encerrou os negócios com valorização de 0,30%, negociada a R$ 1,977 para venda.

O desempenho ficou em linha com o observado no exterior - o Dollar Index subia 0,40%, após operar com queda de 0,20% na primeira parte da sessão.

Contra o euro, os ganhos do dólar eram ainda maiores, e chegavam a 0,70%, levando a cotação da moeda única do velho continente à casa dos US$ 1,3102.

"A possibilidade de o Berlusconi voltar deu um susto muito grande no mercado", nota André Ferreira, diretor da Futura Corretora.

Uma projeção da TV estatal italiana RAI, no entanto, aponta que nenhum dos quatro grupos principais que disputam as eleições parlamentares do país conseguirão a maioria no Senado.

A centro-direita, do ex-primeiro-ministro, deve ficar com 113 assentos, enquanto a centro-esquerda deve ter outros 105 lugares.

O Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, ainda de acordo com o prognóstico da RAI, terá 63 assentos, e os centristas que apoiam o primeiro-ministro Mario Monti, 20 cadeiras.

Uma coalizão precisa de ao menos 158 lugares, dos 315 do Senado, para conquistar a maioria na câmara alta do Parlamento.

Voltando ao nosso câmbio, Ferreira avalia que, no curto prazo, a cotação seguirá ao redor de R$ 1,95, com variações limitadas conforme o humor dos mercados no dia.

Declarações feitas pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, de que a autoridade irá reagir a "qualquer volatilidade" no mercado de moedas para combater os excessos, favorece a relativa estabilidade esperada por Ferreira.

Ainda assim, favoreceu para a alta do dia outro ponto tocado pelo representante da autoridade em sua fala, de que o BC deseja elevar seu nível das reservas internacionais, quando o mercado permitir.

Juros

No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, a curva, que vinha em alta pela manhã, repercutindo as declarações de Tombini, de que a política monetária do BC é guiada pelo controle da inflação, e não por metas de crescimento, inverteu por conta da boca de urna italiana e terminou em baixa.

Mais negociado, com giro de R$ 89,804 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuou de 7,83% para 7,81%, enquanto o para janeiro de 2015 caiu de 8,50% para 8,49%, com volume de R$ 40,129 bilhões.

As declarações de Tombini também contribuíram para o fechamento da curva.

Após falar a uma publicação americana sobre os balizadores da política monetária do BC no domingo, Tombini, em almoço em Nova York nesta segunda, falou que a inflação irá convergir à meta no segundo semestre de 2012, o que favoreceu a diluição dos prêmios pela tarde.