Dólar marca maior alta desde dezembro de 2011

Brasil Econômico: 29/05/2013

Dólar marca maior alta desde dezembro de 2011
Declarações de ministro e ‘hedges' impulsionam cotação da moeda a R$ 2,114. Próxima "barreira" pode ser em R$ 2,15.

Após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarar que o câmbio não preocupa, e que a desvalorização do Real contribui para a competitividade dos produtos nacionais, o dólar fechou contra o Real com a maior alta desde dezembro de 2011.
A moeda americana encerrou os negócios frente à brasileira com uma valorização de 1,92%, cotado a R$ 2,114 para venda.
A última vez em que a cotação do dólar tinha subido tanto em um só dia havia sido no já longínquo 12 de dezembro de 2011, quando avançou 2,14%, mas para R$ 1,844 na ocasião.

Os agentes do mercado, explica Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, imaginavam que o teto da banda informal do governo poderia estar em R$ 2,05, patamar que foi deixado para trás no final da semana passada.
Então o nível de R$ 2,10 começou a ser visto como a possível nova barreira a ser transposta.
No entanto, quando o ministro faz uma declaração como a que fez, quando a cotação da moeda americana já estava próxima dos R$ 2,10, o recado dado ao mercado, ou ao menos o que foi recebido, é de que ainda há um largo espaço para a divisa dos Estados Unidos galgar novos ganhos, explica o especialista.
"Só vamos saber mesmo qual o teto na segunda-feira, já que dia 31 tem o fechamento da Ptax", fala Battistel. No último dia do mês, temos a famosa briga entre comprados e vendidos para definir em qual nível fica a Ptax, taxa média de câmbio do BC, que baliza as liquidações dos contratos futuros.
"Imagino que a próxima fronteira possa estar em R$ 2,15", palpita Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Com tantas dúvidas no radar, sobre a política monetária da autoridade, sobre o desempenho da economia doméstica, sobre o cenário externo, o mais seguro no momento, fala Galhardo em tom jocoso, é "guardar dólar no colchão".
Além disso, empresas com dívidas em dólar, com medo de que a trajetória ascendente da divisa prossiga - acumula alta de 5,6% em maio - correm para antecipar seus pagamentos futuros com a taxa atual do câmbio, o ‘hedge cambial', diz o gerente da Treviso.
Outro ponto destacado por Galhardo refere-se às posições dos bancos, que até o final de abril estavam vendidos (apostando na queda do dólar) em cerca de US$ 8 bilhões, e passaram a ficar comprados (no aguardo da alta da divisa) em US$ 3,5 bilhões.
As aguardadas entradas de fluxo decorrentes dos IPOs não se confirmaram no volume esperado, e esse fator, somado à questão do Fed com sua redução de estímulos, gerou essa reviravolta, explica o especialista.
"Compraram US$ 11,5 bilhões nos últimos dias. Tudo que entrou de dinheiro no período foi para zerar operações".