Compradores aparecem e dólar volta a superar o nível de R$ 2,25

Autor(es): Por Antonio Perez, Silvia Rosa e José de Castro | De São Paulo
Valor Econômico - 17/07/2013

Os investidores atuaram em compasso de espera no mercado futuro de juros ontem, aguardando a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), amanhã, e o discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, hoje. As taxas de juros dos contratos com vencimentos mais curtos fecharam praticamente estáveis. Já o dólar comercial fechou em alta de 1,35% a R$ 2,254, recuperando parte da perda de quase 2% verificada no pregão anterior.

No mercado de câmbio, enquanto a moeda americana voltou a cair frente às principais moedas emergentes, o real se descolou do cenário externo e apresentou uma correção em relação ao dólar, após a queda verificada na segunda-feira. Muitos investidores, como fundos locais e estrangeiros, que lideraram o movimento de venda de dólar na segunda-feira, aproveitaram para recomprar a moeda a um preço mais barato. Segundo operadores, um grande banco liderou o movimento de compra da moeda americana no mercado futuro ontem. Essa mesma instituição teria atuado pesado na ponta vendedora na segunda-feira. "O movimento de queda do dólar na segunda-feira foi exagerado, e hoje [ontem] tivemos uma correção", afirma Ítalo Abucater, especialista em câmbio da Icap Brasil.
Os investidores institucionais locais reduziram a posição líquida comprada em dólar (aposta na alta da cotação) no mercado futuro na segunda-feira, de US$ 18,811 bilhões para US$ 17,718 bilhões. Já os investidores estrangeiros reduziram a posição líquida comprada em dólar de US$ 8,902 bilhões para US$ 8,746 bilhões.

Com o real apresentando a pior performance entre as moedas de países emergentes desde o fim de maio, acumulando queda de 6,21%, alguns bancos já começam a ver uma oportunidade de compra da moeda brasileira. Os bancos BofA Merrill Lynch, Credit Suisse e Nomura emitiram relatórios recomendando a posição comprada na moeda brasileira, apostando em uma recuperação do real no curto prazo. "Esperamos que o real se fortaleça na próximas semanas, dado o tom bastante "dovish" (mais flexível) do discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, na semana passada", aponta a Nomura em relatório. Para o banco esse tom mais "dovish" deve permanecer no discurso que o presidente do Fed fará hoje, que poderá trazer uma recuperação para as moedas emergentes com pior performance.

À espera da divulgação da ata do Copom, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mais curtos - ligados diretamente ao rumo da Selic - pouco se movimentaram. O contrato DI com vencimento em janeiro de 2014 fechou em 8,77% (estável em relação ao pregão de segunda-feira). Segundo operadores de renda fixa, o contrato embute aposta em alta de 0,50 ponto percentual da Selic no encontro do Copom em agosto. Em relação à reunião do colegiado em outubro, o DI para janeiro de 2014 já não reflete a aposta majoritária em nova alta de 0,50 ponto. Dados correntes de inflação em nível menor que o esperado e dúvidas sobre o fôlego da economia turvam o horizonte da política monetária.

"As leituras de inflação têm vindo melhores e a atividade mais fraca. A alta de 0,50 ponto em agosto já está no preço, mas a elevação em outubro não é tão certa", afirma Paulo Petrassi, chefe de renda fixa da Leme Investimentos. "A ata do Copom deve ter um tom duro, porque é preciso ancorar as expectativas, mas não deve ser tão ríspida quanto a anterior", afirma.